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04/10/2000 - 16h48

Mulher pode ter morrido em Goiânia por espremer espinha

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VIVIANE PEREIRA
da Agência Folha

Uma espinha infeccionada provocou a morte da comerciária Walkíria Lopes da Silva Magalhães, 26, que foi enterrada na terça (03) em Goiânia (GO).

Ela morreu em consequência de uma infecção generalizada provocada por uma espinha inflamada no lado esquerdo do rosto.

Depois de espremida, a espinha virou um furúnculo. Para tratá-lo, Walkíria foi no dia 25 de setembro ao Cais Finsocial, onde funciona um posto municipal de saúde.

Humberto Magalhães, marido de Walkíria, disse que os médicos drenaram o abcesso e deram uma injeção.

"O rosto dela começou a inchar e doía muito. Ela se sentia mal e não conseguia dormir à noite."

Segundo ele, Walkíria voltou à unidade de saúde no dia seguinte para fazer curativo e tomar outra injeção.

Como a comerciária não melhorava, no dia 28 Magalhães a levou novamente ao Cais Finsocial, onde foi atendida por um médico do Programa Saúde da Família. "Ele receitou antiinflamatório e antibiótico e disse que ela já deveria estar tomando essa medicação."

O marido afirmou que Walkíria acordou no dia 29 com dor no peito. "Nesse dia eu madruguei no posto para marcar uma consulta, mas só consegui para 3 de outubro."

No dia 29, às 19h, Walkíria foi internada na UTI do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás. Magalhães disse que ela já não andava, não falava direito e estava com a vista embaçada.

Walkíria morreu na segunda-feira, dia 2, às 23h25. No atestado de óbito, a causa morte é "instabilidade e falência do miocárdio por acidose metabólica, choque séptico grave", ou seja, choque por bactéria com infecção generalizada.

Magalhães disse que pretende processar o posto de saúde.
A assessoria de imprensa do HC informou que Walkíria foi internada diretamente na UTI, mas que o estado era tão grave que resultou na morte.

A diretora técnica do Cais Finsocial, Nely Macedo, informou que Walkíria chegou à unidade com um furúnculo infectado. "O abcesso não podia ser drenado naquela data. A drenagem foi feita no dia seguinte, e ela tomou uma injeção de antiinflamatório", afirmou Nely.

De acordo com ela, Walkíria foi atendida no dia 28 por um médico do Programa Saúde da Família, que receitou os remédios e pediu para ela retornar no dia 2. "A evolução do quadro indica que ela não tomou o remédio."

Comum

O chefe do Departamento de Dermatologia da Faculdade de Medicina da USP, Luiz Carlos Cucé, disse que um caso como esse é mais comum do que se imagina.

"Há casos de meningite que surgiram por causa de uma espinha no nariz."

Cucé afirmou que as consequências dependem do estado imunológico de cada um. "Pode acontecer da pessoa estar com deficiência imunológica contra aquela determinada bactéria com que foi infectada."

Segundo o médico, a pele tem uma flora bacteriana. Quando há rompimento do equilíbrio biológico entre a bactéria e o organismo, a bactéria penetra na pele. Começa por uma espinha, que vira furúnculo, um abcesso grande e, por fim, septicemia (infecção generalizada).

"A bactéria alcança a corrente sanguínea e pode afetar todos os órgãos.
Isso ocorre em curto espaço de tempo se o estado imunológico está debilitado ou quando acontece em certas regiões mais irrigadas do corpo, como o rosto, onde há troncos vasculares maiores."

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