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03/07/2006
-
10h45
CLÁUDIA COLLUCCI
da Folha de S.Paulo
Carol, 8, caiu do escorregador e quebrou o cotovelo. Vitor, 5, despencou da laje e sofreu traumatismo craniano. Elber, 3, pulou da sacada e teve hemorragia cerebral. Em comum, as crianças têm o fato de que estavam acompanhadas por familiares na hora do acidente.
Pesquisa feita em 23 escolas públicas e privadas de São Paulo mostra que 78% de 2.269 crianças vítimas de acidentes se machucaram com adultos por perto. O trabalho, realizado pela ONG Criança Segura e pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) no ano passado, ouviu 4.616 pais ou responsáveis. Desse total, metade das crianças, de zero a 14 anos, já foi vítima de acidentes. Nessa faixa etária, eles representam a maior causa de morte no país.
A maioria (55,3%) se machucou em casa. Outros 30%, na rua. A escola foi palco de 9% dos casos. É motivo para os pais estarem atentos a partir de hoje --início das férias escolares.
"Pais pensam que, estando por perto, os filhos estão seguros. Mas é preciso supervisão. Acidentes não acontecem por acaso. Na maioria das vezes, são previsíveis e evitáveis", alerta a cirurgiã pediatra Simone Abib, responsável pelo núcleo de trauma da Unifesp e uma das coordenadoras da pesquisa.
Os pais sabem disso. Tanto que 87% deles disseram acreditar que os acidentes podem ser evitados. Para Abib, o problema é a falta de prevenção.
Queda lidera ocorrências
Dados do Ministério da Saúde indicam que 6.000 crianças morrem e outras 140 mil são internadas todos os anos vítimas de acidentes evitáveis, muitos dos quais com seqüelas permanentes. Na região metropolitana de São Paulo, são 500 mortes e 13 mil internações anuais.
Na pesquisa da Unifesp, as quedas lideram as causas em todas as faixas etárias --entre dez e 14 anos, bicicleta e skate são os principais vilões (36%). Queimaduras vêm em seguida.
O estudo não abordou acidentes que tenham levado a criança à morte. Os últimos índices nacionais do ministério, de 2003, mostram que acidentes de trânsito lideram causas de morte, com 41% das 5.993 ocorrências. Vêm depois afogamentos (25%), sufocação (13%) e queimadura (7%).
Segundo Renato Poggetti, diretor do pronto-socorro de cirurgia do Hospital das Clínicas da São Paulo, os acidentes de trânsito afetam mais a criança de classe média, por falta de dispositivos de segurança, como o uso de cinto e cadeiras de segurança. "O pai se lembra de colocar o cinto nele, porque senão leva multa, mas não oferece a mesma proteção ao filho."
Na AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente), 45% das crianças entre zero e seis anos que passam por reabilitação no grupo de lesões cerebrais são vítimas de traumatismo craniano, a maioria causada no trânsito. Em segundo lugar, vêm os atropelamentos (32%). "A criança é distraída. Os acidentes ocorrem quando ela sai de casa ou da escola", diz o ortopedista Antonio Carlos Fernandes, da AACD.
Na periferia, diz Poggetti, quedas de laje e de tanques são os casos mais freqüentes. "As crianças soltam pipa, jogam futebol, tudo em cima da laje. Já o problema do tanque é a falta de fixação na parede. A criança sobe e ele cai por cima dela."
Para a pediatra Renata Waksman, do departamento de segurança da criança da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria) e uma das coordenadoras do livro "Crianças e Adolescentes Seguros" (Publifolha), os pais devem tornar seguro o ambiente infantil. "Criança vive se machucando. Na maioria das vezes, são ferimentos leves. Cabe ao adulto prestar atenção nas fases de desenvolvimento e prevenir os acidentes."
Especial
Leia o que já foi publicado sobre a Sociedade Brasileira de Pediatria
Acidente infantil ocorre perto de adulto
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da Folha de S.Paulo
Carol, 8, caiu do escorregador e quebrou o cotovelo. Vitor, 5, despencou da laje e sofreu traumatismo craniano. Elber, 3, pulou da sacada e teve hemorragia cerebral. Em comum, as crianças têm o fato de que estavam acompanhadas por familiares na hora do acidente.
Pesquisa feita em 23 escolas públicas e privadas de São Paulo mostra que 78% de 2.269 crianças vítimas de acidentes se machucaram com adultos por perto. O trabalho, realizado pela ONG Criança Segura e pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) no ano passado, ouviu 4.616 pais ou responsáveis. Desse total, metade das crianças, de zero a 14 anos, já foi vítima de acidentes. Nessa faixa etária, eles representam a maior causa de morte no país.
A maioria (55,3%) se machucou em casa. Outros 30%, na rua. A escola foi palco de 9% dos casos. É motivo para os pais estarem atentos a partir de hoje --início das férias escolares.
"Pais pensam que, estando por perto, os filhos estão seguros. Mas é preciso supervisão. Acidentes não acontecem por acaso. Na maioria das vezes, são previsíveis e evitáveis", alerta a cirurgiã pediatra Simone Abib, responsável pelo núcleo de trauma da Unifesp e uma das coordenadoras da pesquisa.
Os pais sabem disso. Tanto que 87% deles disseram acreditar que os acidentes podem ser evitados. Para Abib, o problema é a falta de prevenção.
Queda lidera ocorrências
Dados do Ministério da Saúde indicam que 6.000 crianças morrem e outras 140 mil são internadas todos os anos vítimas de acidentes evitáveis, muitos dos quais com seqüelas permanentes. Na região metropolitana de São Paulo, são 500 mortes e 13 mil internações anuais.
Na pesquisa da Unifesp, as quedas lideram as causas em todas as faixas etárias --entre dez e 14 anos, bicicleta e skate são os principais vilões (36%). Queimaduras vêm em seguida.
O estudo não abordou acidentes que tenham levado a criança à morte. Os últimos índices nacionais do ministério, de 2003, mostram que acidentes de trânsito lideram causas de morte, com 41% das 5.993 ocorrências. Vêm depois afogamentos (25%), sufocação (13%) e queimadura (7%).
Segundo Renato Poggetti, diretor do pronto-socorro de cirurgia do Hospital das Clínicas da São Paulo, os acidentes de trânsito afetam mais a criança de classe média, por falta de dispositivos de segurança, como o uso de cinto e cadeiras de segurança. "O pai se lembra de colocar o cinto nele, porque senão leva multa, mas não oferece a mesma proteção ao filho."
Na AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente), 45% das crianças entre zero e seis anos que passam por reabilitação no grupo de lesões cerebrais são vítimas de traumatismo craniano, a maioria causada no trânsito. Em segundo lugar, vêm os atropelamentos (32%). "A criança é distraída. Os acidentes ocorrem quando ela sai de casa ou da escola", diz o ortopedista Antonio Carlos Fernandes, da AACD.
Na periferia, diz Poggetti, quedas de laje e de tanques são os casos mais freqüentes. "As crianças soltam pipa, jogam futebol, tudo em cima da laje. Já o problema do tanque é a falta de fixação na parede. A criança sobe e ele cai por cima dela."
Para a pediatra Renata Waksman, do departamento de segurança da criança da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria) e uma das coordenadoras do livro "Crianças e Adolescentes Seguros" (Publifolha), os pais devem tornar seguro o ambiente infantil. "Criança vive se machucando. Na maioria das vezes, são ferimentos leves. Cabe ao adulto prestar atenção nas fases de desenvolvimento e prevenir os acidentes."
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