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25/10/2000 - 04h54

Desentendimento em quadrilha motivou espancamento

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WAGNER OLIVEIRA, da Agência Folha, em Curitiba

A sessão de tortura sofrida por uma menina de 3 anos no Paraná foi motivada por desentendimentos entre os integrantes de uma quadrilha responsável por roubos de avião e carro-forte.

O acusado de ser o líder da quadrilha, Marcelo Borelli, 33, estava tentando intimidar um dos integrantes da organização ao gravar em uma fita de vídeo o espancamento da filha do comparsa, a garota M.L., 3.
Segundo a polícia, a gravação seria um ""aviso" para evitar uma eventual delação.

Esta é uma das conclusões da investigação realizada pela Polícia Federal e a PIC (Promotoria de Investigações Criminais), que estão tentando identificar todos os envolvidos na sessão de tortura.

A menina M.L. está sob a guarda do Estado numa instituição para crianças em Curitiba. Seu estado de saúde é considerado bom.
A mãe da garota está presa com outras duas mulheres na delegacia da PF em Curitiba.

Mas as informações da PF de Brasília e de Curitiba são conflitantes. Segundo a PF de Curitiba, na fita de vídeo, a mãe aparece vendo a filha apanhando e não toma nenhuma atitude para evitar a tortura. Segundo o delegado da PF de Brasília Antônio Celso dos Santos, que afirma ter assistido a fita, a mãe não participou e não sabia da tortura.

Também foram presas Maria Cristina Pereira Marques e Maria Ilda de Carvalho, que seriam parentes de Borelli.

Nas imagens, aparecem cenas da garota sendo torturada por Borelli e uma mulher encapuzada. "Ela não desmaia", diz uma mulher. Em vários trechos, são ouvidos risos de mulher. A criança pede ajuda: "Pare, pelo amor de Deus. Eu não quero morrer".

Segundo a PF, a gravação ocorreu em 10 de setembro. A fita foi encontrada no dia 15 passado na casa em que Borelli morava com pelo menos outras quatro pessoas no bairro Jardim Urano, em São José dos Pinhais (região metropolitana de Curitiba).

A PF encontrou também outras quatros gravações em que Borelli registrava a movimentação de cargas e carro-forte no aeroporto de São José dos Pinhais, onde estaria planejando uma ação. Ao encontrar as fitas, a PF mandou o material à PIC, que está participando de investigação sobre o crime organizado no Paraná.

A juíza titular da Vara da Infância e Juventude de São José dos Pinhais, Marcelize Weber Lorite, determinou a manutenção da prisão preventiva das três mulheres e de Borelli. Ela recebeu uma cópia da fita. O Ministério Público encaminhou ontem a fita original para perícia para confirmar a autenticidade da gravação. A conclusão do trabalho deve ser feita em uma semana. "Não temos dúvidas de que as cenas são reais, mas precisamos saber o que fala a menina para ver se é possível identificar alguém", afirma o promotor João Milton Seles.

A juíza quer que a menina passe por uma junta médica para saber se há um ferimento interno.

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