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14/06/2000
-
20h07
CRISPIM ALVES
Coordenador de Cidades da Folha Online
A sociedade não pode, não deve, não merece presenciar cenas grotescas, horripilantes como as ocorridas na última segunda-feira durante o sequestro de um ônibus, de número 174, no Jardim Botânico, na zona sul do Rio.
A inteligência não permite aceitar inerte algo assim. Basta. Basta também o surgimento desse sentimento de indignação apenas quando a TV mostra, ao vivo e em cores, o drama que milhares vivenciam todos os dias. Cenas, também ao vivo e em cores, que acontecem a todo o instante na periferia das grandes cidades.
Não é mais necessário que precise ocorrer alguma tragédia em algum bairro nobre para que os assentos comecem a se mexer, ainda assim momentaneamente. Duvido que daqui a um mês os indignados de ocasião continuem igualmente indignados. Foi assim com o caso da favela Naval. E tantos outros.
Aconteceu no Rio, mas poderia ter sido em qualquer lugar desse país de contrastes assustadores.
Não vou nem entrar no mérito da ação mais do que desastrosa da Polícia Militar carioca (seriam poucas as linhas). Vou fingir que não houve um estúpido incompetente que tentou matar outro estúpido, e atabalhoadamente acabou com a vida de uma garota de apenas 20 anos, que apenas estava em um ônibus, como milhares devem estar neste momento.
Vou fingir também que milhares de pessoas não viram essa mesma garota ser torturada ao extremo. Viva num momento. Morta no outro. Sob o risco de ela ser morta, em close, na frente das telas de TV. Também vou fingir que o estúpido maior não foi morto por estrangulamento por outros estúpidos.
Só não vou fingir que não existem os indignados de ocasião, aqueles que são legitimados a cada quatro anos por milhões de reféns (ops! eleitores).
Espero, ao menos, que a expressão de desespero daquelas mulheres não seja esquecida tão cedo. Só assim os indignados deixarão de ser apenas de ocasião. Reaja, Brasil! A impassividade é senhora dos indignos.
E-mail: crispimalves@uol.com.br
Clique aqui para ler toda a cobertura do caso na página especial Pânico no Rio
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Análise: O sequestro do 174 e os indignados de ocasião
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A sociedade não pode, não deve, não merece presenciar cenas grotescas, horripilantes como as ocorridas na última segunda-feira durante o sequestro de um ônibus, de número 174, no Jardim Botânico, na zona sul do Rio.
A inteligência não permite aceitar inerte algo assim. Basta. Basta também o surgimento desse sentimento de indignação apenas quando a TV mostra, ao vivo e em cores, o drama que milhares vivenciam todos os dias. Cenas, também ao vivo e em cores, que acontecem a todo o instante na periferia das grandes cidades.
Não é mais necessário que precise ocorrer alguma tragédia em algum bairro nobre para que os assentos comecem a se mexer, ainda assim momentaneamente. Duvido que daqui a um mês os indignados de ocasião continuem igualmente indignados. Foi assim com o caso da favela Naval. E tantos outros.
Aconteceu no Rio, mas poderia ter sido em qualquer lugar desse país de contrastes assustadores.
Não vou nem entrar no mérito da ação mais do que desastrosa da Polícia Militar carioca (seriam poucas as linhas). Vou fingir que não houve um estúpido incompetente que tentou matar outro estúpido, e atabalhoadamente acabou com a vida de uma garota de apenas 20 anos, que apenas estava em um ônibus, como milhares devem estar neste momento.
Vou fingir também que milhares de pessoas não viram essa mesma garota ser torturada ao extremo. Viva num momento. Morta no outro. Sob o risco de ela ser morta, em close, na frente das telas de TV. Também vou fingir que o estúpido maior não foi morto por estrangulamento por outros estúpidos.
Só não vou fingir que não existem os indignados de ocasião, aqueles que são legitimados a cada quatro anos por milhões de reféns (ops! eleitores).
Espero, ao menos, que a expressão de desespero daquelas mulheres não seja esquecida tão cedo. Só assim os indignados deixarão de ser apenas de ocasião. Reaja, Brasil! A impassividade é senhora dos indignos.
E-mail: crispimalves@uol.com.br
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