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14/06/2000 - 20h18

Morre em MG, aos 129, a mulher mais velha do Brasil

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RANIER BRAGON
CARLOS HENRIQUE SANTIAGO
, da Agência Folha, em Belo Horizonte

Morreu às 18h20 desta quarta (14)em Itajubá, no sul de Minas Gerais, a ex-escrava Maria do Carmo Jerônimo, 129, considerada a mulher mais velha do Brasil pelo Guiness Book, o livro dos recordes.

Maria do Carmo estava internada desde segunda-feira no hospital da Faculdade de Medicina da cidade, depois de ter sofrido uma crise convulsiva. Ela morreu de falência múltipla dos órgãos.

De acordo com o diretor do hospital, Francisco de Assis Almeida, Maria do Carmo apresentava coma superficial desde que foi internada, reagindo apenas a alguns estímulos. Essa era sua segunda internação este ano.

A ex-escrava, que entrou para a edição brasileira do livro dos recordes em 1994, morava há 58 anos em Itajubá com a família do historiador Armelin Bernardo Guimarães, que é neto do autor do livro "Escrava Isaura", o escritor Joaquim da Silva Bernardo Guimarães.

Maria do Carmo foi levada para o local para trabalhar como babá dos 13 filhos do historiador. Ela, que foi escrava até os 17 anos, nasceu na cidade de Carmo de Minas, antes chamada Silvestre Ferraz.

Segundo seus parentes, a ex-escrava só começou a frequentar hospitais aos 120 anos, para tratar de uma pneumonia e de uma crise de hipoglicemia. Em 1994, foi encontrada em coma e ficou internada em UTI durante três dias.

Em outubro de 1997 _dias depois de ter realizado um dos maiores sonhos de sua vida, conhecer o papa João Paulo 2º, que estava em visita ao Brasil_, Maria do Carmo teve derrame cerebral e ficou internada na UTI da Santa Casa de Misericórdia de Itajubá por quase dois meses.

Em seguida, ela foi levada para São Paulo e ficou por quase 30 dias internada no Instituto do Coração, onde foi atendida pela equipe do ex-ministro Adib Jatene.

Uma das cenas pitorescas envolvendo a ex-escrava aconteceu em maio de 1995, quando ela conheceu o mar pela primeira vez, ao visitar o Rio de Janeiro, a convite do então prefeito da cidade, César Maia. Na ocasião, ela chegou a beber a água poluída da praia de Copacabana, entregue a ela em um copo de plástico pelo prefeito.

A ex-escrava, de 1,24 m, não sabia ler, escrever, não gostava de música, de TV e afirmava nunca ter namorado. "Casamento é abacaxi", sempre repetia.

Segundo documento da Paróquia Nossa Senhora do Carmo, de Campanha (no sul de Minas Gerais), Maria do Carmo nasceu no dia 5 de março de 1871 e foi batizada 16 dias depois. "Maria, filha de Sabrina, escrava de Luiz José Monteiro de Noronha", diz o registro.

Por não ter certidão de nascimento, o Guiness não reconhecia a ex-escrava como a mulher mais velha do mundo, mas sua família estava reunindo documentos para que ela fosse reconhecida oficialmente pela publicação.

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