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24/04/2001 - 03h52

Para PF, Beira-Mar é subchefe de quadrilha

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ELVIRA LOBATO, da Folha de S.Paulo, no Rio

Apontado pelas autoridades colombianas como o "Pablo Escobar brasileiro", o traficante Fernandinho Beira-Mar é, no entanto, considerado pela Polícia Federal um personagem secundário no tráfico internacional de cocaína que envolve Colômbia, Brasil e países vizinhos.

Para a PF, o maior traficante seria do mineiro Leonardo Dias Mendonça, que ficou preso em Belém de novembro de 99 a outubro passado, quando foi posto em liberdade por habeas corpus do Superior Tribunal de Justiça.

Mendonça responde em liberdade a processo em Marabá (PA) resultante da Operação Tornado, conduzida de 97 a 99 e que apreendeu 24 aviões e 2,4 toneladas de cocaína em seis Estados e na Guiana e no Suriname.

Mendonça foi denunciado à Justiça pelo Ministério Público Federal do Pará como ""elemento central", no Brasil, de uma organização batizada de Suri-Cartel, que transportaria a cocaína da Colômbia para o Suriname e Guiana, de onde a droga seguiria para os EUA e Europa.

Para o delegado Mauro Spósito, ex-coordenador da Operação Tornado, Beira-Mar seria apenas empregado da organização de Mendonça. Ele diz que a PF reuniu indícios e provas de que o mineiro seria o principal gerente do narcotráfico no país. Segundo Spósito, o Suri-Cartel teria transportado mais de 30 toneladas de cocaína, em aviões brasileiros, contratados por Mendonça.

A Superintendência da PF no Pará diz que o suposto traficante foi posto em liberdade por ter sido ultrapassado o prazo de prisão temporária.
Mendonça está indiciado em outro inquérito da PF, que investiga a origem de 144 quilos de cocaína apreendidos no Maranhão, em 98.

É também investigado por suposto esquema de lavagem de dinheiro do
narcotráfico, com o uso de construtoras que prestam serviços a prefeituras do sul do Pará.

Assim como Beira-Mar, Mendonça é acusado de fornecer armas às Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) em troca de cocaína.

A acusação foi feita em 98, na Holanda, pelo surinamês Bernardus Nanhu, que afirmou ter servido de intérprete de Mendonça nas negociações de troca de armas por droga, de 93 a 96. O depoimento associa o brasileiro ao ex-ditador do Suriname, Desi Bouterse. Segundo Nanhu, o filho do ex-ditador, Dino Bouterse, seria sócio de Mendonça.

O governo do Rio discorda da avaliação da PF sobre a importância de Beira-Mar e Mendonça. No organograma da quadrilha de Beira-Mar organizado pela polícia e pelo Ministério Público do Rio, o mineiro estaria hierarquicamente abaixo do traficante preso na Colômbia.

A polícia do Rio se baseia no conteúdo de telefonemas de Beira-Mar gravados com ordem judicial. Mendonça seria o responsável pelo fornecimento de armas a Beira-Mar. O armamento serviria de moeda de troca com as Farc. Segundo os policiais, Beira-Mar responderia por mais de 50% da droga comercializada no Brasil. "Ele é o traficante mais importante já preso no país", afirma o governador Anthony Garotinho.

O advogado de Mendonça, Oswaldo Serrão, disse nunca ter ouvido falar da ligação entre seu cliente e Beira-Mar. "O que existe é uma acusação de ele chefiar o Suri-Cartel." "A vinculação dele (Mendonça) a Beira-Mar não tem qualquer tipo de linha de sustentação", afirmou.

  • Colaboraram Ana Wambier e Luiz Antônio Ryff, da Sucursal do Rio
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