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26/12/2001
-
18h43
PEDRO SOARES
da Folha de S.Paulo, no Rio
Uma família de Petrópolis (região serrana do Rio) foi atingida em cheio pela chuva: quatro irmãos perderam as casas e a mãe teve de abandonar a sua por causa do risco de desabamentos.
A desempregada Edna Aparecida dos Santos, 24, morava em um barraco de madeira no alto de um morro no bairro Quitandinha, o mais afetado da cidade. Pendurado sobre um barranco, o casebre tende a cair se a chuva aumentar.
"Não posso voltar lá. Está condenado. Nem os documentos pude tirar", disse ela.
Edna conta que só não morreu, junto com os três filhos (Robson, 7, Rafaela, 6, e Fernanda, 3), porque o irmão Edson de Almeida Rodrigues, 30, que mora no bairro, foi retirá-la após perceber os deslizamentos.
"Vi a casa da vizinha dela desabando e fui lá desesperado resgatá-los", afirmou ele.
Pouco antes de socorrer a irmã, Edson já vivera a sua cota de sofrimento. Seu barraco havia rolado morro abaixo. "Só deu tempo de tirar as crianças [George Michael e Tatiana]", disse.
No barraco ao lado do de Edson vivia outro irmão, Edilson dos Santos, 25. O barraco dele também foi soterrado.
Edilson afirmou que ainda conseguiu resgatar um garoto do meio da lama, depois que o barraco desabou. "Furei os pés com pregos no resgate. Mas pobre só conta com pobre mesmo. Tive de ajudar."
Shyrley dos Santos, mãe de Edna, Edson e Edilson, teve sua casa, de alvenaria, interditada pela Defesa Civil porque está cheia de rachaduras
"Todos os meus filhos estão sem onde morar. Minha casa está sob risco. O que vou fazer? Não sei. Acho que vou ter de voltar para a minha casa, mesmo com medo", disse ela.
Toda a família está na Escola Estadual Princesa Isabel, que recebeu cerca de 200 desabrigados. Shyrley disse que outro filho, Éder Cosme da Cruz, também perdeu sua casa, mas na localidade do Contorno.
Caracterizadas pela grande quantidade de pedras e lama sobre montanhas de rocha, as encostas de Petrópolis oferecem risco para 2.500 famílias ricas, pobres e de classe média.
A prefeitura listou 84 áreas em que há perigo de deslizamentos. Com as chuvas, a água se infiltra e escorre pela rocha, levando as pedras, a lama e tudo o que estiver construído por cima.
O motorista Antônio Ramos de Souza, 41, viu hoje o corpo do sobrinho Gustavo Bertges, 2, ser resgatado nos destroços das casas que desceram o morro em Quitandinha.
Ontem, ele já enterrara o filho Daniel da Silva, de 45 dias, que estava na mesma casa que Gustavo. "Estou muito triste, nem sei o que dizer. Meu filho foi tirado nos braços da tia [Vilma Aparecida Bertges, também morta]."
Os três estavam na casa de Plácides Neto da Silva _avô de Gustavo e Daniel e pai de Vilma. No desabamento, morreram 14 pessoas. A mulher do motorista, Vera Cristina da Silva, ainda está soterrada.
Leia mais sobre as chuvas no Rio
Família de Petrópolis perde tudo nas chuvas que atingem a cidade
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da Folha de S.Paulo, no Rio
Uma família de Petrópolis (região serrana do Rio) foi atingida em cheio pela chuva: quatro irmãos perderam as casas e a mãe teve de abandonar a sua por causa do risco de desabamentos.
A desempregada Edna Aparecida dos Santos, 24, morava em um barraco de madeira no alto de um morro no bairro Quitandinha, o mais afetado da cidade. Pendurado sobre um barranco, o casebre tende a cair se a chuva aumentar.
"Não posso voltar lá. Está condenado. Nem os documentos pude tirar", disse ela.
Edna conta que só não morreu, junto com os três filhos (Robson, 7, Rafaela, 6, e Fernanda, 3), porque o irmão Edson de Almeida Rodrigues, 30, que mora no bairro, foi retirá-la após perceber os deslizamentos.
"Vi a casa da vizinha dela desabando e fui lá desesperado resgatá-los", afirmou ele.
Pouco antes de socorrer a irmã, Edson já vivera a sua cota de sofrimento. Seu barraco havia rolado morro abaixo. "Só deu tempo de tirar as crianças [George Michael e Tatiana]", disse.
No barraco ao lado do de Edson vivia outro irmão, Edilson dos Santos, 25. O barraco dele também foi soterrado.
Edilson afirmou que ainda conseguiu resgatar um garoto do meio da lama, depois que o barraco desabou. "Furei os pés com pregos no resgate. Mas pobre só conta com pobre mesmo. Tive de ajudar."
Shyrley dos Santos, mãe de Edna, Edson e Edilson, teve sua casa, de alvenaria, interditada pela Defesa Civil porque está cheia de rachaduras
"Todos os meus filhos estão sem onde morar. Minha casa está sob risco. O que vou fazer? Não sei. Acho que vou ter de voltar para a minha casa, mesmo com medo", disse ela.
Toda a família está na Escola Estadual Princesa Isabel, que recebeu cerca de 200 desabrigados. Shyrley disse que outro filho, Éder Cosme da Cruz, também perdeu sua casa, mas na localidade do Contorno.
Caracterizadas pela grande quantidade de pedras e lama sobre montanhas de rocha, as encostas de Petrópolis oferecem risco para 2.500 famílias ricas, pobres e de classe média.
A prefeitura listou 84 áreas em que há perigo de deslizamentos. Com as chuvas, a água se infiltra e escorre pela rocha, levando as pedras, a lama e tudo o que estiver construído por cima.
O motorista Antônio Ramos de Souza, 41, viu hoje o corpo do sobrinho Gustavo Bertges, 2, ser resgatado nos destroços das casas que desceram o morro em Quitandinha.
Ontem, ele já enterrara o filho Daniel da Silva, de 45 dias, que estava na mesma casa que Gustavo. "Estou muito triste, nem sei o que dizer. Meu filho foi tirado nos braços da tia [Vilma Aparecida Bertges, também morta]."
Os três estavam na casa de Plácides Neto da Silva _avô de Gustavo e Daniel e pai de Vilma. No desabamento, morreram 14 pessoas. A mulher do motorista, Vera Cristina da Silva, ainda está soterrada.
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