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20/01/2002 - 02h02

PT pede ação anti-sequestro; Alckmin promete guerra à violência

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CAMILO TOSCANO
GIOVANA GIRARDI

da Folha Online

A reunião que aconteceu no final da noite deste sábado entre o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, com lideranças do PT, terminou com a promessa de combate à violência por ambas as partes. O encontro foi marcado para discutir o sequestro do prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT), ocorrido na noite de sexta-feira.

Os líderes do PT, que durante o dia criticaram a política de segurança pública do Estado, fizeram um apelo para a solução rápida do sequestro de Daniel, assim como da morte do prefeito de Campinas, Antonio da Costa Santos, o Toninho.

"Nossa primeira preocupação [na reunião] foi a vida de Celso Daniel, o que o governo está fazendo, a cooperação com a PF e o nosso empenho em ajudar no que for necessário. A nossa segunda preocupação é com as cartas que hoje 37 prefeitos do Estado de SP já receberam. As providências não são as que achamos suficientes. E a terceira preocupação é o caso de Campinas, que até hoje não foi investigado da forma que nós achamos que merecia", afirmou a prefeita de São Paulo, Marta Suplicy.

"Nós não temos até agora nenhuma pista, nenhuma indicação se é um sequestro comercial, se é um sequestro político e nós temos vários indícios de peso político. São cinco prefeitos do PT [envolvidos em atentados], um deles assassinado", disse.

Alckmin afirmou que o 'governo do Estado, está em guerra contra a violência' e que todo tipo de colaboração será aceita. "Nós vivemos um momento de guerra. Na hora de guerra, precisa ficar todo mundo unido."

Segundo o governador, todo o efetivo da Polícia Militar foi colocado à disposição do caso. "Nós fizemos um relato de todas as ações da polícia e da divisão anti-sequestro, da força policial que foi mobilizada -Polícia Civil, Polícia Militar, helicópteros, Rota, tático móvel- todo o esforço que está sendo feito e esse esforço vai continuar."

Para Marta, a reunião foi produtiva. "Eu senti uma boa vontade do governador. Ele está se sentindo muito acuado com tantas pressão, ninguém mais aguenta. Como eu disse, a cidade de São Paulo está no limite. Não é por causa do prefeito que foi sequestrado. É por causa do cidadão comum que é sequestrado por R$ 30. É ouvir uma pessoa da classe média perguntar por que não tem segurança. Por que as pessoas têm que andar com segurança? É a barbárie na cidade."

De acordo com a prefeita, as administrações do PT estão dispostas a ajudar, mas ela acredita que o problema é do Estado. "A questão é mais ampla, que precisa da participação do governo federal. Nós temos desejo de ajudar no que for possível. No que os prefeitos petistas puderem colaborar, nós faremos. Agora, a decisão não está nas nossas mãos. A decisão está nas mãos do governador."

O presidente do PT, José Dirceu, também fez uma avaliação positiva do encontro: "[saio com a sensação de que] o governo do Estado vai se empenhar na solução desse sequestro e que o governo dará proteção aos prefeitos do PT."

O deputado afirmou que vai pedir ao governo federal que analise a situação da segurança no país. Ele disse que irá se encontrar com o secretário Nacional de Direitos Humanos, Paulo Sérgio Pinheiro, para tratar do assunto.

"Aqui se fez uma reunião baseada em dois sentidos: primeiro um esforço para recuperar o prefeito de Santo André, Celso Daniel. Trazê-lo de volta, com vida e segurança. E segundo sim, uma discussão mais geral sobre segurança pública, que envolve desde legislação federal, envolve a ação da polícia, envolve um conjunto de fatores... Nós do governo estamos trabalhando um conjunto de propostas para apresentar para o governo federal."

O secretário de Segurança Pública, Marco Vinicio Petrelluzzi, reforçou o empenho do governador. Mas mesmo reconhecendo a preocupação dos petistas, o secretário afirmou que o governo está agindo neste caso como em todos os outros de sequestro.

"Cada caso tem que ser tratado com a importância que tem e todos têm a mesma importância. Uma pessoa que está sendo vítima de um crime não pode ser tratada diferentemente por um órgão público. Mas evidente que quando você tem casos que exigem uma intervenção maior você tem que ter. A cobertura da imprensa é que não é a mesma, mas o nosso desempenho é."

Crime político

Quanto à possibilidade de o sequestro do prefeito ser um crime político, Alckmin disse que nenhuma hipótese deve ser descartada, mas, segundo ele, não houve nada concreto que comprove isso, além das cartas recebidas pelos prefeitos.

Na reunião os prefeitos presentes solicitaram receber uma proteção reforçada. Alckmin afirmou que a Secretaria de Segurança Pública foi autorizada a dar essa segurança aos que estiverem se sentindo ameaçados, mas que cada caso seria visto individualmente.

Desde setembro do ano passado, o partido teve um prefeito assassinado (Campinas), um deles teve a casa metralhada (Embú), outro foi sequestrado (Santo André) e 37 receberam cartas apócrifas com ameaças (inclusive a prefeita de São Paulo, Marta Suplicy).

Questionado se poderia haver uma recompensa para quem desse informações sobre os sequestradores, o governador afirmou que considera a idéia positiva. "Sempre que tivermos a possibilidade de criminosos de alta periculosidade serem presos tudo deve ser feito e a recompensa pode ser uma opção."

Leia mais no especial sobre sequestro
 

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