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21/01/2002
-
10h40
da Folha de S.Paulo
Aos 50 anos, Celso Daniel era uma figura em ascensão dentro do Partido dos Trabalhadores.
Foi escolhido a dedo por Luiz Inácio Lula da Silva para coordenar seu programa de governo, em uma conversa há seis meses.
Sua experiência administrativa o colocava na condição de conselheiro do presidenciável em matérias relacionadas a economia e planejamento de governo.
Dentro do partido, dava-se como provável que o prefeito seria ministro em um eventual governo do petista. Daniel era a síntese do PT que moderou seu discurso e afastou-se de velhas bandeiras marxistas. Era amigo de empresários e grandes comerciantes, colocava-se contrariamente ao aumento generalizado no gasto público e favorecia o rigor fiscal.
Encaixava-se à perfeição na imagem do "novo PT" que o partido se esforça para construir.
Tinha ainda outras características que valorizavam seu passe: professor universitário, entendia de economia; prefeito pela terceira vez, tinha aura de vencedor.
Reunia, portanto, o perfil ideal para coordenar um programa de governo que o PT espera finalmente o leve à Presidência.
Filho da classe média, Daniel era parte da linhagem de petistas que produziu, nos últimos anos, lideranças distantes do estereótipo do militante graduado na porta de fábrica. Era do time de Marta Suplicy,
Tarso Genro e Cristovam Buarque. Mas ele tomava também o cuidado de manter bom trânsito junto aos trabalhadores, especialmente por administrar uma cidade com forte tradição de movimentos sociais.
Adversários internos costumavam comentar, com certa dose de ironia, que Celso Daniel era na verdade um tucano que errou de partido. Mesmo seus desafetos espantavam-se com a facilidade com que Daniel aprovava medidas polêmicas e potencialmente desgastantes para o PT.
O cardápio de ações que causaram gritaria interna é grande. Entre elas, a privatização de serviços municipais, caso da empresa de ônibus de Santo André, e a redução do salário do funcionalismo, sob o argumento de que a cidade estava em dificuldades financeiras. No ABC, era um dos articuladores do consórcio intermunicipal que procurava soluções integradas para a região.
No ano passado, na 5ª Conferência das Nações Unidas sobre Assentamentos Humanos, o projeto habitacional de Santo André ficou entre os dez mais elogiados, entre 200 apresentados.
Mas foi acusado por adversários de direcionar licitações e permitir o superfaturamento de obras públicas e teve contas rejeitadas pelo Tribunal de Contas do Estado. Em 2000, não teve dificuldade para se reeleger no primeiro turno com 70,13% dos votos válidos.
Discreto e calado, Celso Daniel era professor da Fundação Getúlio Vargas e da PUC. Daniel foi casado com Miriam Belchior, secretária de Inclusão Social. Ele não tinha filhos. Formou-se em engenharia, tinha mestrado em administração e cursos de especialização em engenharia de trânsito. Estudou também filosofia e ciências sociais.
Leia mais sobre o assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel
Celso Daniel representava a imagem do "novo PT"
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Aos 50 anos, Celso Daniel era uma figura em ascensão dentro do Partido dos Trabalhadores.
Foi escolhido a dedo por Luiz Inácio Lula da Silva para coordenar seu programa de governo, em uma conversa há seis meses.
Sua experiência administrativa o colocava na condição de conselheiro do presidenciável em matérias relacionadas a economia e planejamento de governo.
Dentro do partido, dava-se como provável que o prefeito seria ministro em um eventual governo do petista. Daniel era a síntese do PT que moderou seu discurso e afastou-se de velhas bandeiras marxistas. Era amigo de empresários e grandes comerciantes, colocava-se contrariamente ao aumento generalizado no gasto público e favorecia o rigor fiscal.
Encaixava-se à perfeição na imagem do "novo PT" que o partido se esforça para construir.
Tinha ainda outras características que valorizavam seu passe: professor universitário, entendia de economia; prefeito pela terceira vez, tinha aura de vencedor.
Reunia, portanto, o perfil ideal para coordenar um programa de governo que o PT espera finalmente o leve à Presidência.
Filho da classe média, Daniel era parte da linhagem de petistas que produziu, nos últimos anos, lideranças distantes do estereótipo do militante graduado na porta de fábrica. Era do time de Marta Suplicy,
Tarso Genro e Cristovam Buarque. Mas ele tomava também o cuidado de manter bom trânsito junto aos trabalhadores, especialmente por administrar uma cidade com forte tradição de movimentos sociais.
Adversários internos costumavam comentar, com certa dose de ironia, que Celso Daniel era na verdade um tucano que errou de partido. Mesmo seus desafetos espantavam-se com a facilidade com que Daniel aprovava medidas polêmicas e potencialmente desgastantes para o PT.
O cardápio de ações que causaram gritaria interna é grande. Entre elas, a privatização de serviços municipais, caso da empresa de ônibus de Santo André, e a redução do salário do funcionalismo, sob o argumento de que a cidade estava em dificuldades financeiras. No ABC, era um dos articuladores do consórcio intermunicipal que procurava soluções integradas para a região.
No ano passado, na 5ª Conferência das Nações Unidas sobre Assentamentos Humanos, o projeto habitacional de Santo André ficou entre os dez mais elogiados, entre 200 apresentados.
Mas foi acusado por adversários de direcionar licitações e permitir o superfaturamento de obras públicas e teve contas rejeitadas pelo Tribunal de Contas do Estado. Em 2000, não teve dificuldade para se reeleger no primeiro turno com 70,13% dos votos válidos.
Discreto e calado, Celso Daniel era professor da Fundação Getúlio Vargas e da PUC. Daniel foi casado com Miriam Belchior, secretária de Inclusão Social. Ele não tinha filhos. Formou-se em engenharia, tinha mestrado em administração e cursos de especialização em engenharia de trânsito. Estudou também filosofia e ciências sociais.
Leia mais sobre o assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel
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