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15/11/2002 - 21h46

Inquérito sobre preso morto na PF do Rio deve ser concluído em um mês

CHICO SANTOS
da Folha de S.Paulo, no Rio

O secretário de Estado de Direitos Humanos, Paulo Sérgio Pinheiro, disse hoje à Folha que o inquérito que apura a morte do auxiliar de cozinha Antônio Gonçalves de Abreu tem que ser concluído antes do Natal. "É preciso acabar logo com isso. Não dá para chegar ao Natal com esse cadáver em cima da mesa", afirmou.

Abreu morreu no dia 8 de setembro, no hospital Souza Aguiar (centro do Rio), horas depois de ter sido preso pela PF (Polícia Federal). Ele era acusado de ter morto horas antes, juntamente com Samuel Dias Cerqueira e Márcio Cerqueira Gomes, também presos, o agente da PF Gustavo Mayer Moreira.

Ontem, em depoimento à Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, o superintendente da PF no Rio, Marcelo Itagiba, reconheceu que Abreu foi espancado e torturado quando estava na carceragem do órgão.

O laudo pericial do exame de corpo de delito _feito, a pedido do Ministério Público Federal, pelo IML (Instituto Médico Legal) de Brasília_ concluiu que o auxiliar de cozinha foi vítima de traumatismo craniano, provocado por "instrumento contundente", e alvo de "crueldade".

O registro feito pelos agentes de plantão na Superintendência da PF no dia da morte de Abreu dizia que ele tinha sido espancado por um dos outros dois acusados da morte do agente Mayer.

"A meu ver, essa autópsia não coloca nenhuma dúvida. Resumo da ópera: primeiro, ele foi torturado e morto por várias pessoas; segundo, isso não foi feito no Maracanã, mas dentro da Polícia Federal; e terceiro, existe uma grade de quem estava de serviço. Todos são responsáveis, desde o delegado [de plantão] até os eventuais agentes que tenham participado dessa tortura e assassinato", afirmou Pinheiro.

Ele disse que o novo delegado federal designado para o caso, Paulo Yung, de Santa Catarina, deve começar seu trabalho na próxima semana e agir, dentro da lei, de forma rápida. "O delegado deve atender os pedidos do Ministério Público; fazer o reconhecimento [dos autores]; fazer os indiciamentos; e mandar para o Judiciário. Pronto, acabou", disse o secretário.

O reconhecimento, segundo Pinheiro, deve ser feito pelos outros dois acusados de terem matado o agente federal. A procuradora Mônica Campos de Ré, da área de Direitos do Cidadão da Procuradoria da República no Rio, que está acompanhando o caso, disse ter informações dos presos de que entre sete e oito pessoas participaram da tortura do auxiliar de cozinha.

A procuradora reclamou da demora do delegado Yung em assumir o comando do caso. Ela disse que uma das primeiras tarefas do novo responsável pelas investigações será promover uma reconstituição dos fatos ocorridos dentro da carceragem da PF, quando Abreu lá estava.

O inquérito já teve outros dois delegados. O primeiro, Lourenço Pompilho da Hora, foi afastado por ter levado um tiro durante um assalto, sendo substituído pela delegada Simone Azuaga. A pedido da Procuradoria da República, foi designado um delegado de fora do Rio.

 

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