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26/01/2003 - 11h36

Piracicaba volta a investir em cachaça

CÁSSIA ELISABETE SOUZA
da Folha Campinas

Investir em um selo de qualidade da cachaça e no marketing do produto pode trazer benefícios à cidade de Piracicaba (162 km de SP), que possui forte tradição e história na produção da bebida.

Essa é a intenção do município, que desde o segundo semestre do ano passado aposta em iniciativas com o objetivo de ter a cachaça como um meio de gerar empregos, divulgar a história local e implementar o segmento do turismo rural.

No entanto, a idéia ainda é embrionária e existem dificuldades para implantar o projeto.

A Secretaria de Indústria e Comércio de Piracicaba iniciou um mapeamento para identificar quais os produtores da bebida na cidade.

Os dados ainda não foram concluídos, mas em uma primeira etapa do mapeamento do setor, a secretaria constatou pelo menos 15 engenhos desativados e apenas sete operando.

Apenas um deles, o da Indústria Capuava, é registrado pelo Ministério da Agricultura.

A idéia é resgatar a produção de cachaça no município com atenção especial à qualidade da bebida. O selo de qualidade é, para a prefeitura, a aposta de produzir um produto aceito no mercado externo, onde é possível vender a bebida por um preço melhor.

Segundo o secretário de Indústria e Comércio, Orlando José Berto, as iniciativas da administração, por enquanto, podem ser resumidas em um trabalho pedagógico com eventos como o Seminário da Cachaça de Qualidade, realizado no ano passado, e a realização de uma feira neste ano.

"Queremos trabalhar com alto valor agregado e técnico do produto e implementar um selo de qualidade", disse.

Para quem já produziu cachaça, só existe um motivo para ter abandonado a atividade: o custo da produção em relação ao benefícios de lucros.

Pedro Bessi, 32, trabalha atualmente como técnico em açúcar e álcool. No seu sítio Santa Fé, no bairro Godinho em Piracicaba, há ainda a estrutura do engenho que produzia até 240 litros por dia de pinga.

O engenho Santa Fé esteve ativo durante quatro anos e parou de vender cachaça, pois o negócio não gerava lucro.

"Paramos porque era economicamente inviável produzir cachaça. Por enquanto, os incentivos municipais estão ligados à criação de um selo de qualidade, dirigido para quem produz. Para retomar como microempresa não seria tão difícil, mas não vejo benefícios futuros com a bebida", disse o dono do engenho.

A fazenda São José, no bairro Bertão, traz na história da família outro exemplo de abandono à produção de cachaça.

A capacidade de produção de pinga no engenho da família Schiavuzzo era de 2 milhões de litros por ano. O engenho funcionou durante 80 anos. No início, produzia açúcar e depois aderiu à cachaça. Há dois anos, o engenho encerrou as atividades. Todo o maquinário, que incluía seis sistemas de moenda, está sendo vendido.

"O custo da produção ficou mais alto que o benefício. Por isso, deixamos de fazer cachaça", disse João José Schiavuzzo, 48, que é proprietário da fazenda com mais três irmãos.

Atualmente, o negócio da família é o plantio de cana-de-açúcar, fundamentalmente destinada às indústrias de produção de álcool.

Durante o seminário realizado em Piracicaba foi divulgado que a cidade exporta, em contêineres, até 30 mil litros.
 

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