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22/05/2003 - 18h51

Geleião aponta funções de integrantes do PCC em videoconferência

LÍVIA MARRA
da Folha Online

Um dos fundadores do PCC (Primeiro Comando da Capital) apontou hoje à Justiça de São Paulo funções de outros integrantes da facção criminosa, informou o teor de conversas e revelou responsáveis por ordens. O depoimento, realizado durante videoconferência, deixou o promotor Márcio Sérgio Christino, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), "satisfeitíssimo".

José Márcio Felício, o Geleião, esteve no fórum da Barra Funda, zona oeste da capital paulista, para depor como testemunha de acusação em processo por formação de quadrilha contra outros 14 membros do PCC. Geleião já havia feito revelações à polícia.

O racha na cúpula da facção criminosa ocorreu a partir de outubro do ano passado. No mesmo mês, a mulher de Geleião, Petronilha Maria de Carvalho Felício, foi presa sob acusação de envolvimento com atentados, e Ana Maria Olivatto, ex-mulher de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola --líder do PCC-- foi morta a tiros por integrantes da facção. Para proteger a mulher, Geleião "entregou" colegas e passou a colaborar com a polícia.

Processos

Os envolvidos com a facção criminosa respondem a quatro processos por formação de quadrilha. Apesar de ter sido arrolado como testemunha de acusação na audiência de hoje --referente ao terceiro processo--, ele responde a outros crimes --no primeiro processo.

A audiência com testemunhas de defesa está marcada para o dia 25 de junho.

Depoimento

O promotor Márcio Sérgio Christino afirmou que ficou "muito satisfeito" com o depoimento de Geleião.

Para ele, o criminoso passou a colaborar com a Justiça "em função da detenção da mulher e porque percebeu que o PCC estava perdendo controle".

Em troca das informações à Justiça, Geleião será beneficiado em um dos processos com a delação premiada, que prevê a redução na pena de um a dois terços "quando da colaboração espontânea do agente que levar ao esclarecimento de infrações penais e sua autoria", de acordo com a lei nº 9.034/95.

Christino disse que espera que o "sucesso" do depoimento de Geleião faça com que outros criminosos resolvam colaborar. A delação premiada é comum em países como Itália e Estados Unidos no combate ao crime organizado.

Videoconferência

Além de Geleião --que figurou como testemunha de acusação--, o depoimento on-line realizado hoje a partir do fórum da Barra Funda contou com participações de mais 14 integrantes do PCC, entre eles Marcola, Jair Facca Júnior, o Faca, David Stocker Uchôa Maluf, o Magaiver, Júlio César Guedes de Moraes, o Julinho Carambola, e o sequestrador Wanderson Nilton de Paula Lima, o Andinho, apontado pela polícia com um dos financiadores da facção criminosa.

Onze dos acusados acompanharam a audiência da penitenciária de segurança máxima de Presidente Bernardes (interior de SP) e os outros três do CDP do Belém (zona leste da capital), de acordo com o Tribunal de Justiça do Estado.

Mobilização

O deslocamento de presos para audiências, oitivas e julgamentos mobiliza semanalmente 4.818 policiais militares e civis e 1.774 carros, que rodam em média 267 mil quilômetros, segundo o governo do Estado. A atividade consome cerca de 10% do orçamento da Secretaria da Segurança Pública, ou seja, R$ 550 milhões.

Com a utilização do sistema on-line, os custos são reduzidos e policiais designados para realizar a escolta dos presos voltariam a fazer o policiamento preventivo, ostensivo e investigativo.

Dois projetos de lei, encaminhados pelos senadores Romeu Tuma e Romero Jucá, regulando a videoconferência, tramitam no Senado.
 

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