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03/06/2003
-
23h33
O Complexo Penitenciário da Frei Caneca, conjunto de presídios e penitenciárias na região central do Rio, começou hoje a ser demolido. No local -- que foi palco de tentativas de fugas espetaculares de presos da facção criminosa Comando Vermelho, na década de 80--, será construído um conjunto residencial e um centro comercial.
A desativação foi possível por causa de um convênio assinado entre o prefeito do Rio, Cesar Maia (PFL), e a governadora do Estado, Rosinha Garotinho (PSB).
A prefeitura repassou R$ 100 milhões para o Estado em troca do terreno. Segundo a governadora, R$ 55 milhões serão destinados à construção de sete unidades prisionais fora da capital, para onde serão transferidos os presos que hoje estão no Frei Caneca. O restante será gasto em ações de segurança pública do Estado.
A demolição começou por um dos sete presídios do complexo. A previsão é que em 12 meses os cerca de 3.000 presos que estão nas outras seis unidades sejam transferidos para outros locais.
Apesar da aproximação política e dos elogios mútuos, tanto Maia quanto o casal casal Rosinha e Anthony Garotinho (PSB), secretário estadual de Segurança Pública, afirmaram em seus discursos que esses entendimentos não resultarão em uma aliança nas próximas eleições municipais, que acontecem no ano que vem.
A desativação vem sendo discutida desde o início da década de 80. Localizado no bairro do Catumbi, a poucos metros do Sambódromo, o complexo é também vizinho ao bairro do Estácio, onde foi criada a primeira escola de samba do Rio, que hoje leva o nome do bairro.
A prefeitura construirá no local um conjunto residencial com 700 apartamentos de dois e três quartos. O valor dos imóveis vai variar entre R$ 35 mil e R$ 80 mil e será financiado pela Caixa Econômica Federal. Policiais terão prioridade no financiamento.
O local fica também ao lado dos morros da Mineira e de São Carlos, cujos pontos-de-venda de drogas são controlados por facções criminosas rivais.
O prefeito Cesar Maia, no entanto, disse não ver problema para os policiais que decidam morar no local. "O problema será dos traficantes. Copacabana [zona sul] e Tijuca [zona norte] também são rodeados por morros e são considerados bairros nobres", afirmou o prefeito.
Escadinha
O Complexo Penitenciário da Frei Caneca começou a ser construído em 1834, um ano após a compra do terreno. Na década de 70, abrigou presos políticos do regime militar. Também foi no local que ficaram presos os primeiros grandes chefes do crime organizado, na década de 80.
Um dos episódios mais polêmicos foi a fuga, pela porta da frente, de José Carlos dos Reis Encina, o Escadinha, em 1983. Quatro anos depois, outro bandido da facção Falange Vermelha (que deu origem ao Comando Vermelho), Paulo Roberto de Moura Lima, o Meio-Quilo, tentou, sem sucesso, fugir com a ajuda de um helicóptero.
Para o secretário de Segurança, a desativação do complexo facilitará a organização do sistema prisional. "Os maiores líderes do crime do Rio estão presos, mas sabemos que, historicamente, eles continuam muitas vezes operando suas organizações de dentro das prisões", afirmou Garotinho.
Em seu discurso, ele afirmou também que havia mais de cem dias a secretaria não tinha registro de ligações feitas ou recebidas pelos detentos de Bangu 1, na zona oeste da cidade, onde estão hoje os principais chefes do crime organizado.
Complexo Penitenciário Frei Caneca, no Rio, começa a ser demolido
da Folha de S.Paulo, no RioO Complexo Penitenciário da Frei Caneca, conjunto de presídios e penitenciárias na região central do Rio, começou hoje a ser demolido. No local -- que foi palco de tentativas de fugas espetaculares de presos da facção criminosa Comando Vermelho, na década de 80--, será construído um conjunto residencial e um centro comercial.
A desativação foi possível por causa de um convênio assinado entre o prefeito do Rio, Cesar Maia (PFL), e a governadora do Estado, Rosinha Garotinho (PSB).
A prefeitura repassou R$ 100 milhões para o Estado em troca do terreno. Segundo a governadora, R$ 55 milhões serão destinados à construção de sete unidades prisionais fora da capital, para onde serão transferidos os presos que hoje estão no Frei Caneca. O restante será gasto em ações de segurança pública do Estado.
A demolição começou por um dos sete presídios do complexo. A previsão é que em 12 meses os cerca de 3.000 presos que estão nas outras seis unidades sejam transferidos para outros locais.
Apesar da aproximação política e dos elogios mútuos, tanto Maia quanto o casal casal Rosinha e Anthony Garotinho (PSB), secretário estadual de Segurança Pública, afirmaram em seus discursos que esses entendimentos não resultarão em uma aliança nas próximas eleições municipais, que acontecem no ano que vem.
A desativação vem sendo discutida desde o início da década de 80. Localizado no bairro do Catumbi, a poucos metros do Sambódromo, o complexo é também vizinho ao bairro do Estácio, onde foi criada a primeira escola de samba do Rio, que hoje leva o nome do bairro.
A prefeitura construirá no local um conjunto residencial com 700 apartamentos de dois e três quartos. O valor dos imóveis vai variar entre R$ 35 mil e R$ 80 mil e será financiado pela Caixa Econômica Federal. Policiais terão prioridade no financiamento.
O local fica também ao lado dos morros da Mineira e de São Carlos, cujos pontos-de-venda de drogas são controlados por facções criminosas rivais.
O prefeito Cesar Maia, no entanto, disse não ver problema para os policiais que decidam morar no local. "O problema será dos traficantes. Copacabana [zona sul] e Tijuca [zona norte] também são rodeados por morros e são considerados bairros nobres", afirmou o prefeito.
Escadinha
O Complexo Penitenciário da Frei Caneca começou a ser construído em 1834, um ano após a compra do terreno. Na década de 70, abrigou presos políticos do regime militar. Também foi no local que ficaram presos os primeiros grandes chefes do crime organizado, na década de 80.
Um dos episódios mais polêmicos foi a fuga, pela porta da frente, de José Carlos dos Reis Encina, o Escadinha, em 1983. Quatro anos depois, outro bandido da facção Falange Vermelha (que deu origem ao Comando Vermelho), Paulo Roberto de Moura Lima, o Meio-Quilo, tentou, sem sucesso, fugir com a ajuda de um helicóptero.
Para o secretário de Segurança, a desativação do complexo facilitará a organização do sistema prisional. "Os maiores líderes do crime do Rio estão presos, mas sabemos que, historicamente, eles continuam muitas vezes operando suas organizações de dentro das prisões", afirmou Garotinho.
Em seu discurso, ele afirmou também que havia mais de cem dias a secretaria não tinha registro de ligações feitas ou recebidas pelos detentos de Bangu 1, na zona oeste da cidade, onde estão hoje os principais chefes do crime organizado.
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