21/08/2000 - 20h28

Parque da Luz foi a primeira área verde de passeio em São Paulo

MILENA BUOSI
da Folha Online

O parque da Luz é o mais antigo da cidade. Criado em 1798, por uma ordem régia (lei de reis) que implantou outros três parques no país, o local era apenas um terreno descampado, com "meia dúzia de árvores", segundo o chefe de gabinete da Secretaria de Verde e Meio Ambiente, o historiador Carlos Alberto Ungaretti Dias.

Em 1800, o parque ainda era um "Horto Botânico", com plantio de mudas de árvores. Somente cinco anos depois, o local se transformou em jardim e virou um local para passeio público. "Naquela época não existia praça, nada de vegetação. Ele foi o primeiro conceito de área verde dentro do espaço urbano, trazendo uma visão da cidade moderna", disse Dias.

O "Jardim Botânico da Luz" transformou-se, então, no único local de divertimento e descanso dos paulistanos. Nessa época, o jardim já encontrava-se totalmente cultivado e arborizado. Foram implantadas quatro estátuas representando as estações do ano, e outras duas referentes à mitologia _ Vênus e Adonis._ vindas do Rio de Janeiro.

Em 1867, com a inauguração da ferrovia, o Jardim Botânico, que até o momento ficava na "periferia" de São Paulo, passou a fazer parte do centro da cidade. "Ele se transformou em um grande ponto de negócios, era sede de festas e circos, e promoveu, em 1882 uma exibição de luz elétrica", disse Dias.

Segundo o historiador, o Jardim Botânico também foi palco da primeira quermesse paulistana, em 1888, que teve o objetivo de arrecadar fundos em favor da abolição. "Depois ocorreram diversas quermesses beneficentes, com danças e comidas, que arrecadavam dinheiro até para as vítimas da seca no Nordeste."

No início do século, sob a administração de Antonio Etzel, o jardim ganhou cara nova. Etzel deu um novo traçado ao local, criando ruas circulares arborizadas, instalou gramados ao estilo inglês e bosques.

Etzel criou também o coreto, o quiosque e instalou um mini-viveiro onde eram cultivadas plantas e flores, que eram cultivadas e transplantadas para os canteiros dos jardins. O administrador implantou um mini-zoológico, com capivaras, veados e aves.

"As pessoas pagavam até para andar de automóvel em torno do jardim", afirmou Dias.

Após a saída de Etzel da administração, em 1930, e com a retirada de muros e dos animais, o Jardim Botânico entrou em fase de degradação. Somente em 1972, com novo tratamento de limpeza e recolocação de grades, o local foi recuperado. Passou a se chamar, então, parque da Luz.

Em 1981, resolução do Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico do Estado)estabeleceu o tombamento da área. Dez anos depois, o Conselho Municipal também reconheceu o parque como patrimônio da cidade.

Flora e fauna
A vegetação do parque é extremamente diversificada. Destacam-se o chichá, a nolina e o pau-ferro, localizados próximo ao coreto, as figueiras, eucalipto vermelho, alecrim de campinas e palmeiras reais.

Foram catalogadas também mais de 20 espécies de aves, entre elas, sabiá-laranjeira, chupim, bem-te-vi, periquito-verde, e algumas ornamentais, como marreco-mallard e galinha d'angola. O destaque fica para os seis bichos-preguiças, espécie que habita o parque desde a época em que era Jardim Botânico.

Infra-estrutura

O parque possui uma área para apresentações, coreto, ponto do Bonde, praça do Ponto Chic, bicicletário para 10 vagas, três bebedouros, dois banheiros com acesso para deficiente físico, 20 lixeiras, três mesas e 30 bancos. Conta também com um playground, dois espelhos d'água e dois lagos.

O parque da Luz abre de terça-feira a domingo, das 10 horas às 18 horas. Aos domingos, chega a receber 3.600 visitantes.

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