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05/09/2000
-
14h46
ALESSANDRO SILVA
ESTANISLAU MARIA
da Folha de S.Paulo
Uma bomba de fabricação caseira foi entregue pelo correio na casa de um funcionário da Anistia Internacional em São Paulo.
O alvo era o apartamento do professor de educação física José Eduardo Bernardes da Silva, 40, militante da entidade e que vinha recebendo ameaças pelo telefone.
É o segundo atentado em menos de um ano contra a Anistia no Estado, que fechou sua sede na capital, em março passado, em razão de sucessivos incidentes com grupos neonazistas.
O pacote-bomba foi entregue a Silva pelo porteiro do prédio onde mora, no Higienópolis (centro), hoje por volta do meio-dia.
Ele desconfiou do remetente da encomenda e decidiu inspecionar o conteúdo antes de abrir. ''Usei um estilete para fazer um corte no papel e já vi os fios'', afirmou.
O Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais), da Polícia Militar, foi chamado e desmontou no local o artefato produzido à base de pólvora negra e que deveria funcionar como uma granada. ''Era uma bomba mesmo, com capacidade de destruição e para matar'', disse o tenente Dorival Mignanelli.
Entidades de direitos humanos acreditam que a bomba faz parte de uma ofensiva de grupos radicais (skinheads) anunciada simultaneamente por carta no mesmo dia. ''Escolhemos um de cada grupo para dar uma lição para servir de exemplo'', diz o texto de uma dessas correspondências.
Ameaça
Silva é o mesmo funcionário que encontrou em setembro do ano passado uma bomba de fabricação caseira no escritório da Anistia, no Campo Belo (zona sudoeste da capital).
Na época, a entidade recebeu uma carta com a foto de um travesti nu com a seguinte mensagem: ''Vocês defendem homossexuais e negros, nós os matamos. Vocês são nossos inimigos. Morte a vocês''. Dentro do escritório havia um cilindro de 30 centímetros com pólvora, envolto com fita prateada e com fios aparecendo.
A bomba achada hoje tinha fitas semelhantes, com a cruz suástica desenhada a caneta vermelha e a palavra: vingança. O Gate ainda não sabe dizer como seria o acionamento dela.
As ameaças contra a Anistia aumentaram após a morte do adestrador de cães Edson Neris da Silva, 35, morto a pancadas por um grupo de skinheads na praça da República, no início de fevereiro.
Neris teria sido espancado porque estava de mãos dadas com o operador de telemarketing Dário Pereira Neto, 34, que conseguiu fugir. Até agora, 18 pessoas estão sendo processadas pelo crime.
Remetente
No pacote da bomba, a polícia encontrou o mesmo endereço da Congregação Israelita Paulista.
"A covardia demonstrada pelo remetente que se manteve anônimo, e se escondeu indicando um endereço fictício, é tão deplorável quanto o ódio e o preconceito que motivaram o ato", disse o rabino Henry Sobel, presidente do rabinato da congregação.
A comunidade judaica é considerada inimiga pelos skinheads.
Não é a primeira vez isso ocorre em correspondências desse tipo. Ontem, Sobel pediu providências à Polícia Federal.
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Bomba com suástica nazista é entregue pelo correio em SP
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ESTANISLAU MARIA
da Folha de S.Paulo
Uma bomba de fabricação caseira foi entregue pelo correio na casa de um funcionário da Anistia Internacional em São Paulo.
O alvo era o apartamento do professor de educação física José Eduardo Bernardes da Silva, 40, militante da entidade e que vinha recebendo ameaças pelo telefone.
É o segundo atentado em menos de um ano contra a Anistia no Estado, que fechou sua sede na capital, em março passado, em razão de sucessivos incidentes com grupos neonazistas.
João Wainer Bomba encontrada no apartamento do coordenador da Anistia Internacional em SP |
O pacote-bomba foi entregue a Silva pelo porteiro do prédio onde mora, no Higienópolis (centro), hoje por volta do meio-dia.
Ele desconfiou do remetente da encomenda e decidiu inspecionar o conteúdo antes de abrir. ''Usei um estilete para fazer um corte no papel e já vi os fios'', afirmou.
O Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais), da Polícia Militar, foi chamado e desmontou no local o artefato produzido à base de pólvora negra e que deveria funcionar como uma granada. ''Era uma bomba mesmo, com capacidade de destruição e para matar'', disse o tenente Dorival Mignanelli.
Entidades de direitos humanos acreditam que a bomba faz parte de uma ofensiva de grupos radicais (skinheads) anunciada simultaneamente por carta no mesmo dia. ''Escolhemos um de cada grupo para dar uma lição para servir de exemplo'', diz o texto de uma dessas correspondências.
Ameaça
Silva é o mesmo funcionário que encontrou em setembro do ano passado uma bomba de fabricação caseira no escritório da Anistia, no Campo Belo (zona sudoeste da capital).
Na época, a entidade recebeu uma carta com a foto de um travesti nu com a seguinte mensagem: ''Vocês defendem homossexuais e negros, nós os matamos. Vocês são nossos inimigos. Morte a vocês''. Dentro do escritório havia um cilindro de 30 centímetros com pólvora, envolto com fita prateada e com fios aparecendo.
A bomba achada hoje tinha fitas semelhantes, com a cruz suástica desenhada a caneta vermelha e a palavra: vingança. O Gate ainda não sabe dizer como seria o acionamento dela.
As ameaças contra a Anistia aumentaram após a morte do adestrador de cães Edson Neris da Silva, 35, morto a pancadas por um grupo de skinheads na praça da República, no início de fevereiro.
Neris teria sido espancado porque estava de mãos dadas com o operador de telemarketing Dário Pereira Neto, 34, que conseguiu fugir. Até agora, 18 pessoas estão sendo processadas pelo crime.
Remetente
No pacote da bomba, a polícia encontrou o mesmo endereço da Congregação Israelita Paulista.
"A covardia demonstrada pelo remetente que se manteve anônimo, e se escondeu indicando um endereço fictício, é tão deplorável quanto o ódio e o preconceito que motivaram o ato", disse o rabino Henry Sobel, presidente do rabinato da congregação.
A comunidade judaica é considerada inimiga pelos skinheads.
Não é a primeira vez isso ocorre em correspondências desse tipo. Ontem, Sobel pediu providências à Polícia Federal.
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