Rodrigo Zavala
Não deixa de ser extremamente
curiosa a premiação elaborada pelo PFL esta
semana: o “Troféu Berzoini de Crueldade”.
A idéia foi inspirada nos episódios das últimas
semanas protagonizados pelo ministro da Previdência,
Ricardo Berzoini, que obrigou os aposentados a enfrentar filas
nos postos do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS)
para se recadastrarem.
“Escolhemos o ministro da Previdência
para dar nome ao troféu pela sua incompetência
e crueldade. E o Lula ainda diz que Berzoini é um de
seus melhores ministros. Imagine os piores”, afirmou
o senador José Jorge (PE), idealizador do prêmio,
em entrevista ao site do partido.
O hilário senador poderia estender
o prêmio ao seu próprio partido e até
fazer um mea culpa. Não se deve esquecer que José
Jorge já foi ministro da Minas e Energia na era FHC
e, no começo do ano passado, renunciou ao seu cargo
em uma “vingança” ao governo, pelo escandaloso
episódio envolvendo a então presidenciável
Roseane Sarney.
O partido culpou a cúpula de
FHC pela operação que encontrou mais de 1,3
milhão, em dinheiro, nas gavetas da empresa Lunus.
Fato, que arruinou a imagem de Roseane e a fez desistir da
candidatura à presidência, quando já possuía
18% das intenções de votos. Quem pagou foi o
povo que viu seus ministros debandarem por esquemas políticos
vexatórios. A situação se complicou ainda
mais quando o próprio PFL resolveu instaurar uma greve
legislativa e parar tudo. Hilário.
Na época, antes mesmo de renunciar
(o partido ainda não havia se decidido) José
Jorge foi ainda ironizado por seu colega de PFL, Antônio
Carlos Magalhães: "Acho até engraçado
falarem que o José Jorge vai ficar (no ministério).
Ele não pode ficar nem sair, porque nunca entrou no
governo. O ministro de fato é o Pedro Parente (chefe
da Casa Civil, na época)]".
Os pefelistas, que experimentam sua
primeira experiência de fazer oposição
a um governo, agora querem ir à forra. No entanto,
iniciativas como a do Troféu Berzoini de Crueldade
só nos fazem rir se as analisarmos pelo prisma da velha
máxima popular: “o roto falando do esfarrapado”.
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