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orientação
13/05/2005
Comunidade Kaingang de Londrina recebe orientação sobre alcoolismo e DST/AIDS

Qualidade de vida para os Kaingang da Reserva Apucaraninha, a 80 km do centro de Londrina. Focalizando essa questão, a Secretaria de Assistência Social, implantou um programa preventivo para orientar os indígenas sobre o risco oferecido pelo alcoolismo e as DST/AIDS.

LONDRINA ( PR) - Diminuir o consumo de bebida alcoólica dentro da aldeia. Essa é a principal meta para a coordenadora do programa de Intervenção sobre o Uso de bebidas Alcoólicas e Alcoolismo entre os Kaingangs, Marlene de Oliveira. Criando formas de intervenção que associadas a outras atividades ela pretende fortalecer a identidade dos indígenas.

De acordo com Marlene, reuniões constantes alertam os kaingangs sobre os cuidados a serem tomados, em razão do alcoolismo, que atinge consideravelmente a comunidade. Atualmente 1250 kaingang que vivem na aldeia sendo duas famílias são do grupo Xokleng que vieram de Santa Catarina. O fator mais preocupante é o consumo precoce pelos jovens e crianças, que estão adquirindo esse hábito, cada vez mais cedo.

Uma escolinha de futebol foi criada para que os jovens, além de terem uma atividade esportiva regular, possam estar discutindo juntamente com seu professor sobre DST/AIDS e gojfa to veme (alcoolismo). “Essa alternativa garante que o jovem freqüente esse local, pratique seu esporte, mas que saiam informado sobre o risco de contrair determinadas doenças”, afirma a antropóloga.

Cartilhas explicativas foram distribuídas dentro da aldeia mostrando os problemas causados pelo consumo de bebida alcoólica como cirrose, a hipertensão, diabetes, depressão e conseqüentemente as DST/AIDS.

As crianças da aldeia fizeram desenhos durante a oficina de alcoolismo contando como era o cotidiano de seus ancestrais e como está sendo durante esses últimos anos. A cartilha contém, ainda, outros desenhos que advertem sobre os problemas trazidos pelo álcool como desentendimentos dentro da própria comunidade.

Para o cacique, Jucelino Jenjery Virgilio, essa iniciativa está sendo muito importante, pois a falta de informação é prejudicial. As discussões se estendem para a sala de aula. A escola indígena conta com dois professores da própria comunidade, que são bilíngües, para que os alunos possam estar aptos a falar as duas línguas: o kaingang e o português.

Segundo as tradições indígenas, o consumo de bebida alcoólica era feito somente durante as festas comemorativas e em memória de seus mortos denominado kiki koi. Hoje se tornou um hábito. Antes era o Kiki, que era à base de água, mel e milho. “Com a chegada dos homens brancos que implantaram alambiques, eles começaram tomar cachaça”, desabafa o cacique.

Um agravante resume-se na ida dos índios para a cidade vender seus cestos e balaios. Infelizmente, eles trocam seus balaios por garrafas de pinga e não acabam trazendo dinheiro para suas casas, sem contar que são desmoralizados.

Um pedaço dos Kaingangs no centro de Londrina
O Vãre – Centro Cultural Kaingang, foi implantado em 1999, para oferecer melhores condições de permanência aos índios por ocasião de suas vindas para a cidade de Londrina, para a comercialização de seus produtos artesanais.

O local conta com dois espaços distintos: um constituído para abrigo temporário, formado por oito casas com infra-estrutura adequada e outro destinado a visitação pública, aberto principalmente às escolas municipais e estaduais, com mostra de exposições fotográficas, acervos de livros e textos apresentando aspectos ligados ao cotidiano, tradição e cultura dos kaingang.

CRISTIANO SILVA
do jornal laboratório Com Texto (da Universidade Norte do Paraná)

 
 
 

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