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oportunidade
30/07/2004
Jovens carentes encontram vida nova no trapézio

O idealismo e a vontade de um grupo da zona leste de São Paulo somados à experiência de uma família circense têm dado resultado: crianças e jovens, a maioria carentes, aprendem acrobacias, malabarismos e palhaçadas. E vivem nas alturas durante trapézio e tecido (acrobacia feita enrolando o corpo numa faixa, que ficou conhecida com o canadense Cirque du Soleil).

O curso de teatro e circo, que dura nove meses e é gratuito, tem 70 alunos. As aulas são em uma tenda improvisada no quintal da Biblioteca Municipal Paulo Setúbal, na Vila Formosa, zona leste. O local é pequeno, mas não falta animação para aprender exercícios que exigem concentração e força.

“As atividades do circo trabalham as emoções e trazem equilíbrio”, diz o instrutor Antonio César de Abreu, de 54 anos, cuja família era dona do Circo Vostok, que faliu há cinco anos. Ele dá as aulas com a filha Patrícia Palácios de Abreu, de 28 anos, que, como o pai e grande parte da família, teve a vida pautada pelo circo. Já estão na quinta geração de circenses. “É gratificante ver as crianças adquirindo confiança e executando as tarefas”, diz Patrícia.

O envolvimento de Antonio com educação pelo circo começou nos anos 90 quando foi criado no Estado o circo-escola. “Fazíamos um trabalho maravilhoso com carentes de várias regiões.” Alguns de seus alunos são filhos de ex-aprendizes do circo-escola da Vila Formosa. O grupo chegou até a se apresentar na Eco 92. O líder comunitário da Favela de Vila Prudente Silvio Pereira da Silva, de 27 anos, aprendeu as artes circenses com Antonio. Hoje, leva os três filhos e outros quatro alunos da favela para assistir às aulas.

Sem dinheiro para o ônibus, o grupo vai de carona. As aulas que pai e filha dão fazem parte do projeto Circo e Arte na Zona Leste, coordenado pelo grupo Circo de Trapo: são quatro jovens entre 23 e 25 anos, três dos quais da região.

O trabalho começou há três anos mesclando apresentações de teatro e circo em praças e escolas. Neste ano, firmaram um convênio coma Prefeitura. Convidaram então a família circense. “A família Vostok tem muita experiência”, diz o ator Marco Ponce, de 23 anos, do Circo de Trapo.

O grupo já tem uma parceria com a CPTM. A posição da sereia no trapézio, em que os cabelos quase tocam o chão, é a preferida da estudante Pamela Karina da Silva, de 12 anos. “Já melhorei bastante desde que as aulas começaram.” Rita Batata, de 18 anos, também se entusiasma. “Acho os exercícios no tecido belíssimos e ajudam na minha carreira de atriz”, diz a jovem, cuja mãe também vai às aulas.


MARICI CAPITELLI
O Estado de S. Paulo

 
 
 

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