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Dia 17.09.01

 

 

Pagar prestação em dia vale prêmios

Com o custo acumulado nos financiamentos do comércio nos últimos sete anos chegando a 56.252,18%, enquanto a inflação medida pelo IPC da Fipe ficou em 43,35%, não é de se admirar que as grandes redes de varejo estejam mimando como podem quem paga suas prestações em dia.

A inadimplência está mesmo alta: a Serasa, o cadastro nacional de crédito, registrou um aumento de 78,7% nos títulos de pessoa física protestados, durante os oito primeiros meses do ano, em relação ao mesmo período em 2000.

Cada loja paparica seus clientes "preferenciais" como pode: desde cafés da manhã especiais, passando por refinanciamentos, descontos nas parcelas e até mesmo pagando do próprio bolso as últimas prestações.

(Gazeta Mercantil)



 

 
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Redes varejistas premiam os bons pagadores

Oitenta clientes da Leader Magazine - uma das maiores redes de varejo do Rio, com 25 lojas - foram convidados para um café da manhã em comemoração aos 10 anos da filial de Madureira (Zona Norte carioca). O convite para brindar a data com os diretores da empresa foi feito aos clientes mais assíduos no pagamento de prestações, entre os 1,3 milhão de clientes do cartão de compras da rede.

Em tempos de alta das taxas de juros, aumento da inadimplência e desaquecimento da economia, o varejo faz de tudo para mimar seus consumidores pontuais, cada vez mais em falta nos cadastros das empresas. 'Aproveitamos a ocasião do café da manhã para estreitar os laços com os clientes mais importantes para nós: aqueles que compram com a gente e que não atrasam as prestações', diz o diretor-superintendente da Leader, Carlos Alberto Machado Corrêa.

Vale tudo para agradar o cliente adimplente. De cafés da manhã a descontos em prestações. Há até quem se ofereça para pagar a última prestação, caso todas as anteriores tenham sido quitadas em dia. A DGM Eletro, rede de eletroeletrônicos com 15 lojas no Rio, resolveu arcar com recursos próprios as despesas do último compromisso dos clientes. Para ter direito ao benefício é preciso parcelar as compras em 12 vezes. 'O mote da promoção é 'compre em 12 vezes e pague onze prestações'. Nós pagamos a última parcela. É a melhor maneira de estimular o consumidor a gastar mais em nossas lojas', diz o diretor da rede, Marco Xavier.

Na Casas Bahia, uma das maiores do segmento de móveis e eletrodomésticos no País, com 293 lojas, o cliente que paga em dia, ou com antecedência, ganha desconto. 'O consumidor bem tratado sempre volta à loja. Se ele é um consumidor em dia com suas obrigações, melhor ainda', afirma o gerente nacional de crédito da Casas Bahia, Celso Amâncio. A mecânica de descontos da rede é diferenciada pelo valor da compra e pelo número de prestações. Um cliente com compra parcelada em 15 vezes de R$ 43, por exemplo, chega a ganhar até R$ 0,60 de desconto se quitar a prestação antes da data de vencimento. O valor não é alto, mas capaz de estimular a pontualidade e satisfazer o consumidor, sensibilizando-o a voltar a comprar na loja.

A preocupação das redes de varejo faz sentido. Segundo a Serasa, o cadastro nacional de crédito, nos primeiros oito meses do ano, o número de títulos de pessoa física protestados no País cresceu 78,7%, na comparação com o mesmo período do ano passado, o que comprova que a inadimplência está alta. 'Sentimos um forte crescimento nos níveis de inadimplência em nossa rede, nos últimos quatro meses. No início do ano, o patamar era de 8% a 8,5%. Hoje, já chega a 10%', afirma Xavier, da DGM, um dos poucos a admitir que começa a perder o controle do 'calote' dos consumidores.

Para os especialistas, a súbita alta da inadimplência tem explicação. Os juros têm sido os maiores vilões. Estudo da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças Administração e Contabilidade), concluído sexta-feira, mostra que, de agosto de 1995 a agosto deste ano, o custo acumulado nos financiamentos do comércio chegou a 56.252,18%, enquanto a inflação medida pelo IPC da Fipe ficou em 43,35%, representando uma variação de 129.662,81% entre os índices. A mesma pesquisa da Anefac mostra que, além de ter que arcar com taxas de juros cada vez mais salgadas, os prazos dos financiamentos estão cada vez menores. Em janeiro de 2000, os prazos médios de financiamento no comércio eram de 12 meses. Hoje, não passam de nove meses.

'O desaquecimento da economia provoca um temor maior no comércio, que evita alongar mais os prazos. É uma bola de neve. Quanto maior a inadimplência, menores são os prazos e quanto menores os prazos, mais dificuldades para o pagamento', analisa o consultor Ricardo Cruz, da Analisys Consultoria.

Carnê em dia aliado a novas compras também vem beneficiando o consumidor. Na Casas Bahia, a segunda compra, dependendo do valor e do número de prestações, refinancia a quantia que ainda não foi paga da primeira aquisição. As cinco últimas prestações de uma geladeira adquirida em 10 parcelas de R$ 100, por exemplo, podem ser refinanciadas em dez vezes novamente, caso uma outra compra parcelada tenha sido feita. 'Bom atendimento e benefícios como estes geram a fidelização, que é o maior bem que uma rede de varejo pode contar', diz Amâncio. Na Casas Bahia, a estratégia vem dando certo. Segundo Amâncio, dos 7 milhões de clientes ativos da rede, 77% estão fidelizados, ou seja, compraram mais de uma vez algum produto nas lojas.

É de Amâncio, que também exerce o cargo de superintendente de conselho da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), a polêmica idéia da criação da lista de adimplentes, uma base de dados com o cadastro de quem paga em dia suas prestações no comércio. Segundo Amâncio, já existem redes de varejo testando o cadastro, que terá caráter nacional. 'Até um parecer jurídico, embasando a legalidade da listagem já foi emitido pelo jurista Ives Gandra.'

O aumento da inadimplência tem levado também as rede de varejo a estabelecer critérios mais rígidos para a concessão de crédito. A DGM Eletro já estuda aumentar o limite de crédito para seus consumidores, que hoje varia de acordo com o número de prestações assumidas. Na Casas Bahia, o controle maior é sobre o cliente que empresta seu nome a um terceiro. 'Estamos treinando nossos funcionários para identificar este tipo de cliente e tentar fazê-lo desistir de assumir um financiamento para outra pessoa que, por algum motivo, não tem crédito na praça', diz Amâncio.

(Gazeta Mercantil)

 

 
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