Governo promete bônus para quem atrasar aposentadoria

O bônus para quem adiar a aposentadoria por tempo de serviço pode dobrar. Atualmente, dependendo da idade, o acréscimo para quem atrasa o início da aposentadoria varia de 2% a 10%. Com a medida em estudo pelo Governo, o trabalhador que retardar a saída da ativa poderá ter entre 4% e 20% de aumento sobre o benefício, que é calculado com base em fatores como idade do segurado, tempo de contribuição ao INSS, perspectiva de vida, além do fator previdência que pune quem se aposenta mais jovem, mas dentro do prazo previsto em lei. A proposta está sendo estudada pelo ministro da Previdência e Assistência Social, José Cechin.

O objetivo da nova proposta do Governo, porém, é mais econômico que social. Segundo Cechin, quando uma pessoa adia a aposentadoria, ela continua pagando a contribuição e o Governo adia os gastos de desembolso dos benefícios. Ou seja, a idéia do Governo continua sendo atrasar o máximo possível a transformação de um trabalhador contribuinte em aposentado-despesa. Outra medida importante para reverter a situação do rombo na previdência pública está na aprovação de um projeto de lei, que está no Congresso, limitando a aposentadoria no serviço público ao teto do INSS (R$ 1.561,56). Aposentadorias acima desse valor seriam garantidas por um sistema de previdência complementar.

A proposta de retardar ainda mais a concessão de aposentadorias é mais uma tentativa do Governo de empurrar com a barriga um problema que deveria ter sido resolvido há muito tempo: quem vai pagar a conta dos aposentados. A falta de um planejamento eficaz pode levar o Brasil - que já não é mais um país de jovens-, a dar o calote em quem já trabalhou muito. Tampar o sol com a peneira agora pode significar no futuro a adoção de medidas impopulares como limitar o valor das aposentadorias pagas pela Previdência em R$ 300. Neste caso, seria preciso conviver com a máxima que pior que receber pouco é receber nada. E isso ninguém quer.

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