Em
meio a incertezas, industriais trocam Serra por Lula
Desconfiado de que José Serra
(PSDB) não chegará ao segundo turno da eleição
presidencial, o empresariado decidiu que apoiará a campanha
de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A outra opção,
mas que já foi excluída, seria Ciro Gomes, da Frente
Trabalhista, que não está conseguindo cativar o setor.
A ''ponte para Lula'' está sendo
construída pelo presidente do Instituto Ethos, Oded Grajew,
que colaborou na elaboração do programa de governo
petista. Segundo ele, importantes líderes empresariais garantiram
que estão ao lado de Lula. O problema de Ciro é que
ele carrega o estigma de despreparado e autoritário.
Ciro, por sua vez, disse que também
não está satisfeito com o empresariado. Depois que
se desentendeu com um grupo de industriais num jantar esta semana
em São Paulo, sua assessoria recomendou que abandonasse as
conversas com o setor. Apesar de afirmar que os industriais estão
torcendo por uma reação de Serra, o vice-presidente
da Fiesp, Mário Bernardini, admite que votaria em Lula no
segundo turno.
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mais:
- Industriais
trocam tucano por Lula
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Indústria
fecha 25 mil vagas em 7 meses
O nível
de emprego na indústria paulista caiu 0,52% no mês
passado. Foi o pior resultado para o mês de julho dos últimos
cinco anos. Ao contrário dos anos de 2000 e 2001, quando
o emprego cresceu, ainda que pouco, nos sete primeiros meses do
ano, as demissões na indústria já levaram a
uma redução de 25.056 vagas -ou 1,58%- no setor em
2002.
"O resultado
mostra que o cenário econômico está muito ruim.
Deveríamos estar no pico da produção",
afirma Clarice Messer, diretora da Fiesp (Federação
das Indústrias do Estado de São Paulo), que divulgou
ontem os resultados da pesquisa de nível de emprego industrial
da instituição.
A Fiesp faz
a pesquisa com 47 sindicatos patronais de vários setores
da indústria. Até o mês passado, havia equilíbrio
entre o número de sindicatos que declaravam ter reduzido
o nível de emprego e aqueles que afirmavam tê-lo mantido
ou aumentado.
Em julho, quando 25 sindicatos registraram queda no emprego, setores
importantes passaram a ter resultado negativo. No setor de mecânica,
no qual o nível de emprego havia subido 0,47% de janeiro
a junho, as demissões de julho inverteram o quadro: o setor
já acumula queda de 0,59%. O mesmo ocorreu com os setores
de material plástico e de vestuário.
O resultado
de julho, quando mais de 8.000 vagas foram eliminadas, foi o segundo
pior dos últimos 24 meses. Ele só é superado
pelo de agosto de 2001, quando as indústrias ajustavam a
produção aos diversos choques econômicos que
sofriam: crise na Argentina, racionamento, aumento de custos com
a alta da contribuição das empresas para o FGTS.
A expectativa
da Fiesp é que o quadro se mantenha ou piore neste mês.
"As encomendas estão fracas e as indústrias já
têm muito estoque", diz Clarice. Na sua avaliação,
as indústrias começarão a se ajustar aos altos
estoques, que têm um custo elevado para as empresas. "Ninguém
vai se aventurar a continuar produzindo ou a aumentar a produção
esperando uma recuperação no final do ano", diz
Clarice. Com o ajuste, é muito provável que as empresas
recorram a mais demissões para reduzir custos.
Segundo Clarice,
além dos altos estoques, há pouca oferta de crédito
e as empresas preferem ficar líquidas, ou seja, preferem
segurar seus recursos a investi-los na produção e
correr o risco de perder dinheiro. "Não há perspectiva
clara de futuro e empresário só emprega quando ele
tem perspectiva de crescimento", diz.
(Folha de
S. Paulo)
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