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Dia 21.05.02

 

 

Serviços públicos corroem renda do trabalhador e retomada econômica

Que o salário médio real do brasileiro acumulou uma queda de 10% de 1998 a 2001 e continuou a cair neste início de 2002, muitos já sabiam. No entanto, passa quase desapercebido que junto com isso, o peso dos serviços públicos no orçamento familiar dobrou desde o início do Plano Real. Isto é, o trabalhador perdeu rendimento e ainda desviou parte da renda disponível para a compra de bens para o pagamento das tarifas.

Esse duplo efeito negativo é um empecilho a mais para a retomada da economia neste início de 2002. A queda na renda, hoje, é muito mais profunda que em 1999, quando o nível de atividade terminou o ano em recuperação. Em 1999, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 0,54% e o rendimento médio real diminuiu 5,5 % segundo dados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE deflacionados pelo INPC. Em 2000, a economia cresceu expressivos 4,4%, mas esse crescimento apenas permitiu a manutenção da renda (queda de 0,6% no ano). Em 2001, o rendimento médio real acumulou queda de 3,8% e a perda se aprofundou em 2002. Nas projeções da MB Associados, o rendimento médio real vai cair 3,3% este ano.

As famílias aumentaram as despesas com serviços públicos tanto pela alta de preços como pela expansão dos serviços. Em 1995, os serviços com preços administrados consumiam, em média, 13,5% do orçamento familiar. Essa parcela dobrou e somou 30,5 % no primeiro quadrimestre deste ano. Este percentual inclui os gastos familiares em energia elétrica, telefonia fixa e celular, taxas de água e esgoto, combustíveis, passagens de ônibus, trem ou metrô, entre outros serviços públicos. Esse comprometimento de 30% do orçamento das famílias com o pagamento destes serviços reduziu o espaço para o consumo de outros bens.

Leia mais:
- Renda em queda e aumento das tarifas dificultam a retomada

 

 
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Renda em queda e aumento das tarifas dificultam a retomada

A renda disponível para o consumo foi duplamente afetada nos últimos anos. O salário médio real acumulou uma queda de 10% de 1998 a 2001 e continuou a cair neste início de 2002. Junto com isso, o peso dos serviços públicos no orçamento familiar dobrou desde o início do Plano Real. "O trabalhador perdeu rendimento e ainda desviou parte da renda disponível para a compra de bens para o pagamento das tarifas", observa Cristiano Souza, economista da MB Associados.

Esse duplo efeito negativo é um empecilho a mais para a retomada da economia neste início de 2002. A queda na renda, hoje, é muito mais profunda que em 1999, quando o nível de atividade terminou o ano em recuperação. Em 1999, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 0,54% e o rendimento médio real diminuiu 5,5 % segundo dados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE deflacionados pelo INPC.

Em 2000, a economia cresceu expressivos 4,4%, mas esse crescimento apenas permitiu a manutenção da renda (queda de 0,6% no ano). Em 2001, o rendimento médio real acumulou queda de 3,8% e a perda se aprofundou em 2002. Nas projeções da MB Associados, o rendimento médio real vai cair 3,3% este ano.

"A retomada hoje é mais difícil porque a economia já passou, após o Plano Real, por quatro paradas", observa Monica Baer, também da MB, listando as crises asiática, russa, a desvalorização e finalmente a dupla racionamento-Argentina no ano passado. "A queda na renda, neste início de ano, está maior que o esperado", acrescenta.

As famílias aumentaram as despesas com serviços públicos tanto pela alta de preços como pela expansão dos serviços. Em 1995, os serviços com preços administrados consumiam, em média, 13,5% do orçamento familiar. Essa parcela dobrou e somou 30,5 % no primeiro quadrimestre deste ano.

Este percentual inclui os gastos familiares em energia elétrica, telefonia fixa e celular, taxas de água e esgoto, combustíveis, passagens de ônibus, trem ou metrô, entre outros serviços públicos e de preços administrados incluídos na Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) do IBGE e que serve de base para o cálculo do Índice de Preços ao Consumidor Ampliado (IPCA), segundo dados organizados pelo economista Luis Afonso de Lima, do BBV Banco. O IBGE fez uma nova POF e por isso há uma alta expressiva do peso dos serviços públicos no ano de 1999, quando a pesquisa incorporou os novos hábitos da população: celular, internet, mais famílias com telefone fixo, etc.

"Este comprometimento de 30% do orçamento das famílias com o pagamento destes serviços reduziu o espaço para o consumo de outros bens", observa Lima. "E os salários em queda reduzem ainda mais esta disponibilidade", acrescenta.

Os gastos com serviços públicos, explica o economista do BBV, são considerados "inelásticos". "São bens essenciais, é difícil reduzir o gasto com eles", pondera.

O professor Heron do Carmo, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) da USP, observa que os preços destes bens subiram muito acima da inflação. "E esse maior comprometimento da renda com esses serviços criou uma restrição adicional para o crescimento de outros setores da economia", diz ele.

O IPCA acumula uma alta de 81% desde 1994, informa Heron. "No mesmo período, os preços administrados - sem considerar combustíveis - subiram 198%", compara. Os produtos industrializados, por outro lado, cresceram abaixo da inflação: 56,1% entre 1995 e o primeiro trimestre de 2002.

O "avanço" destes serviços sobre a renda das famílias, observa Heron, tem dois componentes: o preço, que subiu muito acima da média da inflação, e a expansão dos serviços. Em 1995, estavam em funcionamento 1,4 milhão de celulares no país. Hoje, já são quase 30 milhões.

Em documento distribuído aos clientes da MB, Souza, mostra que o ajuste do mercado de trabalho está sendo feito mais pelo lado do salário que pelo emprego. "Os trabalhadores vêm recebendo rendimentos menores às custas da manutenção de seus empregos", anotou o economista.

Para Souza, dois acordos trabalhistas recentes deram prioridade ao emprego: o primeiro, entre os metalúrgicos do ABC paulista e a Volkswagen, e o outro entre bancários de São Paulo e Banespa-Santander. Neste, para evitar demissões não ligadas ao Plano de Demissão Voluntária (PDV), o sindicato negociou um acordo com estabilidade por um ano e congelamento de salários por três anos.

"Diante da flexibilização dos contratos, o impacto do ajuste recessivo se dá, essencialmente, pela queda do rendimento e não do emprego", pondera Souza. Para ele, o ajuste pelo salário pode permitir uma resposta mais rápida da economia na época da retomada da atividade.

O problema, argumenta Souza, é que a queda no rendimento e o conseqüente declínio da massa de salários acaba criando um ciclo 'vicioso': a conjuntura recessiva provoca a queda no rendimento e o menor poder de compra da população, por outro lado, "retrai a demanda e deixa de estimular e economia".

Assim, sem renda, mas com emprego, faltaria o "pontapé inicial". "Isso poderia vir via crédito, mas com os juros em alta, fica mais difícil", pondera Souza.

(Valor Econômico)

 

 
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