Crise
esvazia poupança e fundos de investimentos
As pessoas estão
fazendo mais saques do que aplicações. É que
as pessoas estão sem dinheiro e com medo do que pode acontecer
no próximo governo. Dados da Associação Nacional
dos Bancos de Investimento (Anbid) sobre os fundos de investimentos
mostram que, só em abril, esse tipo de aplicação
perdeu R$ 6,5 bilhões. Desde 97, não se via uma saída
de recursos tão alta num único mês. A sangria
já é superior ao valor resgatado durante todo o ano
passado, que foi de R$ 5,8 bilhões.
Maio também
não começou bem. Até o dia sete, a captação
líquida já estava negativa em R$ 956,6 milhões.
No ano, a perda é de R$ 4,6 bilhões. Só não
está pior porque em janeiro a indústria de fundos
recebeu um aporte de R$ 4,1 bilhões.A caderneta de poupança
também passa por um mau momento. De acordo com informações
do Banco Central, em todos os meses deste ano saiu mais dinheiro
do que entrou. No primeiro quadrimestre, os resgates somaram R$
2,7 bilhões, sendo que em abril foi de R$ 1,1 bilhão.
Afirmar com
certeza o que está motivando essa saída de recursos
ou para onde o dinheiro está indo é impossível,
pois nenhum monitoramento é feito nesse sentido. Mas a percepção
dos profissionais de mercado é que há várias
razões para isso, sendo a maioria ligada ao atual momento
econômico. Ao olhar os índices de inadimplência,
a queda dos salários e a redução do consumo
de bens duráveis, não é difícil chegar
a conclusão que os investidores estão tirando dinheiro
das aplicações para pagar dívidas e complementar
a renda.
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- Crise esvazia poupança e fundos de investimentos
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Crise
esvazia poupança e fundos de investimentos
A falta de dinheiro
e o medo do que possa acontecer no próximo governo começam
a afetar a captação dos fundos de investimentos e
da caderneta de poupança. As pessoas fazem mais saques do
que aplicações hoje.
Segundo dados
da Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento),
em abril, os fundos de investimentos perderam R$ 6,5 bilhões.
Desde 97, não se via uma saída de recursos tão
alta num único mês. A sangria já é superior
ao valor resgatado durante todo o ano passado, que foi de R$ 5,8
bilhões.
Maio também
não começou bem. Até o dia 7, a captação
líquida já estava negativa em R$ 956,6 milhões.
No ano, a perda é de R$ 4,6 bilhões. Só não
está pior porque em janeiro a indústria de fundos
recebeu um aporte de R$ 4,1 bilhões.
A caderneta
de poupança também passa por um mau momento. De acordo
com informações do Banco Central, em todos os meses
deste ano saiu mais dinheiro do que entrou. No primeiro quadrimestre,
os resgates somaram R$ 2,7 bilhões, sendo que em abril foi
de R$ 1,1 bilhão.
Os volumes de
resgate só não abalam os fundos e a poupança
porque o patrimônio deles é grande e a rentabilidade
gerada consegue cobrir os resgates. No final de abril, o patrimônio
dos fundos era de R$ 360,2 bilhões e o da caderneta, de R$
119,1 bilhões.
Afirmar com
certeza o que está motivando essa saída de recursos
ou para onde o dinheiro está indo é impossível,
pois nenhum monitoramento é feito nesse sentido. Mas a percepção
dos profissionais de mercado é que há várias
razões para isso, sendo a maioria ligada ao atual momento
econômico
"Ao olhar
os índices de inadimplência, a queda dos salários
e a redução do consumo de bens duráveis, acho
que parte dos investidores está tirando dinheiro das aplicações
para pagar dívidas e complementar a renda", diz Jorge
Simino, diretor da UAM (Unibanco Asset Management).
Fábio
Colombo, diretor da consultoria Money Maker, também diz acreditar
que parte da explicação possa ser essa. "Tanto
as pessoas físicas como as empresas estão com menos
dinheiro", afirma. Colombo também acrescenta outra possibilidade:
há empresas fazendo resgate de fundos para fazer "hedge"
(proteção contra variação cambial),
devido às oscilações do dólar.
Na opinião
de Renato Russo, diretor-executivo da Sul América Investimentos,
a inadimplência não seria um dos motivos para o resgate.
Para ele, as pessoas estariam tirando dinheiro das aplicações
para comprar ativos reais, como imóveis, com receio de quem
será o novo presidente da República. "É
uma dinâmica típica de período pré-eleitoral",
diz.
As eleições
ainda levam os investidores a mandar recursos para o exterior, segundo
a percepção dos analistas. Entretanto, o BC não
divulga estatísticas que mostrem, de modo discriminado, quem
remete dinheiro.
Parte da explicação
também pode estar fora da crise. É certo que os fundos
de pensão tiraram, no início deste ano, recursos de
fundos de investimentos para pagar um acerto feito com a Receita
Federal -referente a um antigo passivo de Imposto de Renda.
Russo diz que,
no começo de 2002, os fundos de pensão vêm reestruturando
suas aplicações. Alguns, por exemplo, estariam trocando
os fundos por títulos de curto prazo, como os CDBs (Certificados
de Depósito Bancário).
Segundo a Andima (Associação Nacional das Instituições
do Mercado Aberto), em março houve um grande aporte em CDBs.
A captação líquida foi de R$ 6,8 bilhões.
No entanto, em abril, ela fechou negativa em R$ 954 milhões,
o que não se via há muitos meses.
(Folha de
S. Paulo)
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