Jovens
estão estudando mais antes de entrar no mercado de trabalho
Pesquisa realizada
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
mostra que, desde 1991, cada vez menos pessoas estão empregadas
ou procuram emprego. Essa redução, aponta o instituto,
se deve ao número de pessoas ocupadas entre 5 e 17 anos,
que passou caiu de 9,7 milhões para 7,7 milhões entre
1992 e 1998.
Para o diretor
da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no
Brasil, Armand Pereira, a principal explicação para
o comportamento é que os brasileiros mais jovens estão
adiando a entrada no mercado de trabalho para estudar. Entre 1991
e 1999, diz ele, a cobertura do ensino médio subiu de 62%
para 84% na população de 15 a 17 anos. A evolução
foi de 22% para 33% na faixa entre 18 a 24 anos.
Já o
diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatísticas
e Estudos Sócio-econômicos (Dieese), Sérgio
Mendonça, acredita que o país não tem dado
conta de absorver o contingente que poderia ingressar na força
de trabalho.
(Gazeta
Mercantil)
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Mais
entraves para o trabalho dos jovens
É cada
vez menor a proporção de pessoas que trabalham em
relação ao total da população brasileira
em idade ativa. A taxa de atividade média, que registrava
61,07% em 1991, terminou a década passada em 58,02%. E mais:
segundo os dados deste ano até julho, o índice está
em 56,55%, conforme dados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A
taxa é calculada dividindo a População Economicamente
Ativa (PEA) pela População em Idade Ativa (PIA).
O instituto
considera integrantes da PEA a população ocupada além
daqueles que procuraram emprego na semana anterior à pesquisa,
classificados como desempregados. A PIA é composta por todos
os brasileiros com mais de quinze anos.
A redução
das taxas de atividade indica que o número de pessoas que
integram a força de trabalho (empregados ou em busca de ocupação)
está crescendo menos do que o contingente com maturidade
para ingressar no mercado.
Em julho de
1997 (ano a partir do qual há dados suficientes para se fazer
análises com números absolutos da PME), a população
em idade ativa de Recife (PE), Salvador (BA), Rio de Janeiro (RJ),
São Paulo (SP), Belo Horizonte (MG) e Porto Alegre (RS) -
as seis capitais observadas na pesquisa - cresceu 9,5%. Era de 29,6
milhões naquela data e passou a 32,4 milhões no mesmo
mês de 2001. No mesmo intervalo de tempo, a população
economicamente ativa passou de 17,4 milhões a 18,3 milhões
- expansão de apenas 5%.
Para o diretor
da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no
Brasil, Armand Pereira, a principal explicação para
o comportamento é que os brasileiros mais jovens estão
adiando a entrada no mercado de trabalho para estudar.
Ele afirma que
o número de pessoas ocupadas entre 5 e 17 anos caiu de 9,7
milhões para 7,7 milhões entre 1992 e 1998, segundo
as Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílio (Pnads),
do IBGE. Entre 1991 e 1999, diz ele, a cobertura do ensino médio
subiu de 62% para 84% na população de 15 a 17 anos.
A evolução foi de 22% para 33% na faixa entre 18 a
24 anos.
O professor
de Relações do Trabalho da Faculdade de Economia e
Administração (FEA) da USP, José Pastore pensa
da mesma forma. "Está havendo aumento do contingente
que se dedica exclusivamente à escola. Trata-se de um fenômeno
positivo", observa. Ele considera, ainda, que o número
de aposentados que trabalha também caiu.
Para o diretor
técnico do Departamento Intersindical de Estatísticas
e Estudos Sócio-econômicos (Dieese), Sérgio
Mendonça, no entanto, a redução da taxa de
atividade reflete uma dinâmica perversa no mercado de trabalho
brasileiro. "Ao longo dos anos, o País não tem
dado conta de absorver o contingente que poderia ingressar na força
de trabalho devido à sua estrutura econômica",
analisa Mendonça.
"A população
em idade ativa cresce de acordo com a estrutura demográfica,
mas a expansão da força de trabalho também
envolve questões econômicas e sociais, entre outras."
A dificuldade
de encontrar emprego não exclui a hipótese de maior
dedicação aos estudos na explicação
das modestas taxas de crescimento da força de trabalho, na
avaliação do especialista do Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (Ipea) Luiz Parreiras. "As pessoas
estão estudando mais porque têm a percepção
da dificuldade de encontrar emprego e a escolaridade pode aumentar
suas chances", afirma.
Na última
década, segundo Parreiras, o percentual da população
economicamente ativa com zero a quatro anos de estudo caiu 29%,
comparado a crescimento de 73%, quando se trata de pessoas que passaram
entre 9 e 11 anos na escola.
Parreiras lembra
que fazer parte da população economicamente ativa
não significa estar empregado. "Há um discurso
de que as pessoas não conseguem emprego por serem mal qualificadas,
mas a maior taxa de desemprego, segundo a PME, está entre
os indivíduos com entre 9 e 11 anos de estudo, em que atinge
9,2%", ressalta.
Ainda com base
em dados do IBGE, o economista do Ipea mostra que o recuo da taxa
de atividade média na década foi pressionado pelos
mais jovens. Entre os indivíduos de 15 a 17 anos, ela despencou
de 35,8%, em 1991, para 19,4%, em 2000. Na faixa etária de
18 a 24 anos, o recuo foi menor, de 68,9% para 63,7%. A partir daí,
começa a subir. Para as pessoas de 25 a 29 anos, ela atingiu
76,4% ano passado, ante 74,8% em 1991. Desse patamar para frente,
a taxa de atividade só volta a cair quando se atinge a faixa
de mais de 60 anos.
A pesquisadora
responsável pela PME, Shyrlene Ramos, observa que a população
ocupada em relação à população
em idade ativa caiu 5,08% entre 1991 e o ano 2000, passando de 58,1%
para 53,9%.
No mesmo período,
a razão entre PEA e PIA recuou 3,05 pontos percentuais. "O
comportamento da taxa de atividade se explica especialmente pela
ocupação", afirma. Shyrlene chama atenção
também que entre os setores de atividade, a população
ocupada na indústria de transformação foi a
que mais caiu em relação ao total da população
em idade ativa na década. Passou de 13,05% para 8,66%.
Enquanto isso,
os indivíduos desempregados, que representavam 2,9% da PIA
em 1991, em2000 chegaram a 4,1%. "Houve uma grande ênfase
em modernização nos anos 90. Muitas ocupações
foram criadas, mas muitas também foram extintas", diz
Shyrlene. "É preciso estimular o crescimento de setores
intensivos em mão-de-obra", afirma.
Apesar de minimizar
a importância da dificuldade de ingresso no mercado de trabalho
no recuo da taxa de atividade no Brasil, Pastore reconhece que o
País não tem gerado emprego nem em quantidade nem
em qualidade suficiente.
Sergio Mendonça, do Dieese, estima que cerca de 1,6 milhão
de pessoas tentam entrar no mercado de trabalho todos os anos. Além
de uma taxa de crescimento capaz de absorver esse novo contingente,
é preciso lembrar também do estoque de desempregados
que se acumula ano após ano. A PME não faz distinção
entre empregos no setor formal ou informal da economia.
(Gazeta Mercantil)
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Maioria
dos que tomam coquetel está sem emprego
Mais da metade
dos cerca de 40 mil pacientes com Aids que tomam o coquetel no Estado
de São Paulo vivem desempregados. Estão mais ameaçados
pela subsistência do que pelos efeitos do vírus HIV.
A pobreza tem sido o principal aliado da doença.
Os números
e as constatações surgiram no encontro sobre os 20
anos de combate à Aids no Estado de São Paulo promovido
na última segunda-feira pela Folha e pelo Gapa (Grupo de
Apoio à Prevenção à Aids) de São
Paulo.
A questão
do desemprego é reveladora dos avanços, retrocessos
e desafios contabilizados em duas décadas de epidemia. A
queixa do emprego indica que os pacientes estão suficientemente
bem para trabalhar. Mas indica a permanência do preconceito
em relação aos doentes e o avanço da epidemia
entre os mais pobres.
"E isso
no Estado que criou, ainda em 1983, o primeiro programa de prevenção
e combate à Aids da América Latina", disse Arthur
Kalichman, coordenador do programa de Aids do Estado de São
Paulo. Este também é o Estado onde estão quase
metade das cerca de 500 ONGs que trabalham com Aids no país.
Vistas pelo
ângulo das conquistas, as duas décadas estão
repletas de marcos: em 1985, a criação da primeira
ONG-Aids (o Gapa São Paulo), a chegada do AZT, em 89, o caso
Sheila, em 93, que abriu os debates sobre o preconceito nas escolas,
o acesso ao coquetel de medicamentos, em 1997, e a briga pela quebra
de patentes, neste ano. "As ONGs tiveram presentes em todos
os momentos", disse Rubens de Oliveira Duda, presidente do
Fórum de ONGs-Aids do Estado de São Paulo.
Enquanto o Estado
assumiu o tratamento da doença - garantindo medicamento a
todos -, as ONGs continuam atuando quase sozinhas quando se trata
da prevenção. Com o final dos projetos que contavam
com dinheiro de fora e do governo federal, o desafio agora está
em integrar as ações de prevenção dentro
do SUS e dentro dos orçamentos municipais e estaduais. "Mesmo
o que está garantido por lei, como a assistência, ainda
sofre abalos e necessita de uma vigilância constante das ONGs",
disse José Carlos da Silva, secretário-geral do Gapa.
No caso de São
Paulo, os participantes quiseram saber quando a prefeitura vai fazer
sua parte. Fábio Mesquita, coordenador do programa municipal
de Aids, disse que a implantação do PAS (Plano de
Assistência à Saúde) paralisou as ações
na cidade onde estão 22% dos 210 mil casos de Aids no país.
Mesquita afirmou que a Aids é uma prioridade do PT e enumerou
algumas das questões prioritárias. Entre elas o equilíbrio
nos gastos entre prevenção e assistência, a
"sustentabilidade das ações", a integração
com o SUS (Sistema Único de Saúde) e ampliação
da luta pelos direitos humanos.
(Folha de S. Paulo)
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