ONU
aprova direito de acesso a remédio
A Comissão
de Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações
Unidas) aprovou nesta segunda-feira o acesso a medicamentos como
direito humano. Os Estados Unidos, de quem se esperava o único
voto contra, optaram pela abstenção.
A resolução
que considera o acesso a remédios para combater pandemias
como a Aids um direito humano, proposta pelo Brasil, conseguiu 52
votos na comissão, inclusive da União Européia
(UE).
Foi a segunda
vitória da política brasileira de combate à
Aids em menos de uma semana. Na última quinta-feira, multinacionais
farmacêuticas desistiram de bloquear na Justiça uma
lei que permite à África do Sul importar remédios
anti-Aids genéricos e de países que não respeitam
patentes. A decisão foi considerada a primeira derrota dos
laboratórios na luta envolvendo os genéricos iniciada
pelo Brasil.
(O
Globo)
Aids:
Brasil derrota os EUA na ONU
O Brasil conseguiu
ontem sua primeira vitória política contra os Estados
Unidos na polêmica sobre o acesso a medicamentos. Para a surpresa
de diplomatas brasileiros, que esperavam pelo menos um voto contra,
a resolução brasileira que considera o acesso a remédios
para combater pandemias como a Aids um direito humano conseguiu
a aprovação maciça na Comissão de Direitos
Humanos da ONU. Não houve nenhum voto contra.
Dos 53 membros
da comissão, a proposta teve 52 votos a favor, inclusive
da União Européia (UE), e apenas uma abstenção:
dos EUA. A resolução da Comissão de Direitos
Humanos não tem valor de lei, mas dá forte peso político
e moral à questão dos acessos a medicamentos mais
baratos.
Essa é
a segunda vitória da política brasileira de combate
à Aids em menos de uma semana. Na última quinta-feira,
multinacionais farmacêuticas desistiram de bloquear na Justiça
uma lei que permite à África do Sul importar remédios
anti-Aids genéricos e de países que não respeitam
patentes. A decisão foi considerada a primeira derrota dos
laboratórios na luta envolvendo os genéricos iniciada
pelo Brasil.
O ministro da
Saúde, José Serra, disse ontem que a aprovação
pela ONU da proposta brasileira beneficia todos os países
em desenvolvimento, inclusive os da África, onde estão
90% dos casos de Aids.
- Essa é
uma luta que nós levantamos; uma luta que está dando
certo porque estamos com a razão. Quando você tem razão,
a vitória acaba acontecendo mais cedo ou mais tarde. E agora,
com amplo apoio internacional, como o Brasil nunca teve em sua história
- disse o ministro, em São Paulo, na abertura da campanha
nacional de vacinação do idoso.
O embaixador
dos EUA na ONU, George Moose, mesmo isolado, fez um discurso duro
contra a iniciativa brasileira:
- Essa é
uma resolução falha, que pode ser extremamente prejudicial
aos esforços de combate à Aids. Esse não é
um documento de direitos humanos -- atacou.
Moose disse
que a resolução aparentemente questionava acordos
internacionais que dão direito de propriedade intelectual
(patentes) às indústrias farmacêuticas e alertou
que isso poderia desencorajar pesquisa e investimentos para desenvolvimento
de novas drogas.
O argumento
americano não convenceu nem mesmo os mais reticentes europeus,
como Grã-Bretanha e Alemanha, a mudarem o voto. Mesmo em
cima da hora da votação, havia países se oferecendo
para co-patrocinar a resolução, o que representa um
sinal forte de apoio: mais de 50 fizeram isso, segundo a última
contagem. Entre os 15 países da UE, nove co-patrocinaram,
entre eles, França, Itália, Bélgica e Portugal.
A votação
durou apenas alguns minutos, mas foi o bastante para causar furor
na sala do palácio da ONU em Genebra, onde estão reunidos
há quase um mês os 53 países- membros da Comissão,
além de centenas de ativistas de grupos de defesa dos direitos
humanos e países observadores.
O Brasil não
esconde que vai usar o resultado da votação como instrumento
político para se defender na disputa que os EUA estão
iniciando na Organização Mundial de Comércio
(OMC) contra a lei brasileira de patentes.
O que mais incomoda
os americanos é que por trás da proposta brasileira
está o claro questionamento dos acordos internacionais que
garantem às multinacionais farmacêuticas a proteção
de patentes de medicamentos essenciais, como as drogas anti-Aids.
A União
Européia (UE) e os países do Leste da Europa votaram
em bloco a favor, mas fizeram várias ressalvas. A UE deixou
claro num discurso que a resolução não deveria
se interpretada como um instrumento para enfraquecer ou limitar
acordos internacionais, inclusive sobre propriedade intelectual.
(O Globo)
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