|
Pobres
pagam duas vezes pelo racionamento de energia
Os pobres pouparam
duas vezes mais energia que os ricos. Mesmo assim, podem ficar sem
o bônus prometido pelo governo. A adesão popular ao
racionamento foi tão grande que surpreendeu o ministério
do Apagão. O risco agora é que não se cumpra
a única promessa feita em público pelo presidente
Fernando Henrique Cardoso: premiar os poupadores com um bônus
de R$ 2 para cada R$ 1 economizado na conta.
O governo acreditava
fazer caixa a partir das multas impostas a consumidores que não
cumprissem a meta de redução do consumo de energia.
Depois de oito semanas de racionamento, concluiu não existir
arrecadação suficiente para pagar os bônus prometidos.
A adesão ao racionamento foi mais ampla entre os mais pobres:
a redução média nacional de consumo entre as
famílias de baixa renda foi de 40%. Quem usa até 100
kWh nem precisa economizar. Mesmo assim a adesão ao racionamento
desses consumidores foi total.
Enquanto 90%
dos consumidores de até 100 kWh por mês pouparam o
dobro do necessário, na faixa de uso acima de 500 kwh por
mês apenas metade dos clientes cumpriu a meta de redução
de gasto, de 20%. Para os pobres, cortar gastos talvez seja mais
fácil, porque os hábitos de consumo são recentes,
observa o cientista político Sérgio Abranches. Só
depois do Plano Real os eletrodomésticos deixaram de ser
produto de luxo. Mal se acostumaram a novidade e já são
obrigados a desligar os produtos adquiridos.
(Época)
|
|
Subir
|
|
|
|