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Perfil
13/05/2004
Jornalista conhece o Brasil há 27 anos

O americano William Larry Rohter Junior, 54, conhece o Brasil há 27 anos. Ele chegou ao país pela primeira vez em 1977, durante a ditadura militar. Segundo contou em uma reportagem para o caderno de turismo do "New York Times", publicada em 2002, o Rio de Janeiro foi o primeiro lugar em que esteve fora de seu país.

Ontem, o escritório do "NYT" no Rio, onde Rohter trabalha, informou que o correspondente pediu "isolamento". Ele deixou a orientação de que seu endereço nem seu telefone sejam divulgados. A direção do jornal determinou que sua equipe no Brasil não comente a decisão do governo de cancelar o visto do jornalista.

Nos últimos dias, o correspondente esteve em Buenos Aires fazendo entrevistas, mas ontem não foi ao apartamento onde trabalha e se hospeda na capital argentina. Sua secretária na cidade disse que ele estava no país, mas que não o via havia dois dias. No fim da tarde, porém, o porteiro do edifício onde ele fica afirmou que o viu deixar o prédio anteontem, às 5h, com duas malas grandes.

O jornalista chegou ao Brasil nos anos 70 como correspondente da revista americana "Newsweek". Foi nessa época que ele conheceu a carioca Clotilde, com quem teve dois filhos. De acordo com pessoas que o conhecem, as crianças nasceram nos EUA e moram lá atualmente, em Miami, com a mãe.

Rohter trabalha há cinco anos no Rio para o "NYT". Sua saída do país estava programada para fevereiro último, mas foi prorrogada, a pedido da empresa, para o fim deste ano. No ano passado, Rohter recebeu o prêmio de imprensa Embratel, no valor de R$ 8.000, na categoria correspondente internacional, pela reportagem "Amazônia ainda queima, apesar das promessas".

No texto que escreveu para o caderno de turismo do "New York Times", Rohter contou que mora em São Conrado (zona sul), mas que primeiro morou na Vila Isabel, na zona norte do Rio. A reportagem fala de "duas cidades separadas por um túnel": as zonas norte e sul. No mesmo texto, Rohter dá dicas de bares na cidade para se "tomar drinques em dias quentes".

O outro correspondente do "NYT" no Brasil, Todd Benson, que mora em São Paulo, disse ter sido proibido pela direção da empresa de comentar a decisão do governo brasileiro e a reportagem que gerou a polêmica, sob pena de demissão. A mesma orientação foi recebida por funcionários do escritório no Rio.
"Em outros momentos, eu teria isso na ponta da língua, mas agora não é o caso. Não posso falar, não dá", afirmou Mery Galanternick, jornalista brasileira que trabalha para o "New York Times" no Brasil. "Ele conhece profundamente e gosta muito do país", disse ela, apenas.

Além de escrever sobre a política brasileira, Rohter é responsável pela cobertura da Argentina e do Chile, para onde viajava freqüentemente. O jornal espanhol "El Pais" o define como chefe do "NYT" no Cone Sul.

Em 2002, ele publicou outra matéria de repercussão, afirmando que o ex-presidente argentino Carlos Menem havia recebido suborno de US$ 10 milhões para encobrir uma suposta vinculação do governo do Irã com o atentado em Buenos Aires contra a Amia (Associação Mutual Israelita Argentina), em 1994.

 

VINICIUS QUEIRÓZ GALVÃO
da Folha de S. Paulo, sucursal do Rio

   
 
 
 

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