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rio de janeiro
19/10/200
Desarmamento recebe maior apoio de idosos

A campanha de desarmamento no Rio está atingindo até agora apenas a classe média. Essa é a conclusão de uma pesquisa realizada pelo Viva Rio com quase duas mil pessoas que, de julho a setembro, entregaram suas armas na sede da entidade, na Glória. Os dados levantados pelos pesquisadores Pablo Dreyfus e Marcelo Nascimento mostram que a campanha está recebendo apoio principalmente dos mais velhos: 42% das pessoas que foram ao posto do Viva Rio têm 60 anos ou mais. Em seguida, apareceram o grupo entre 50 e 59 anos (20%), o de 40 a 49 (16%) e o de 30 a 39 (9%). Pessoas com menos de 30 anos representaram 5%. Uma parte não informou a idade. Os homens foram maioria entre os que compareceram ao posto: 64%.

Entre os que aderiram à iniciativa, a maioria tem escolaridade (79% cursaram o ensino médio completo). A renda familiar também é razoável: em 68% dos casos, mais de R$ 1.300. Até agora, em todo o Brasil, a campanha já recolheu mais de 150 mil armas, sendo que São Paulo, Rio e Rio Grande do Sul são os estados com os melhores resultados.

De acordo com o estudo do Viva Rio, a maioria das pessoas (66%) entregou apenas uma arma. Alguns números mostram a ilegalidade do armamento. Segundo a pesquisa, 89% das 2.281 armas entregues não eram registradas e 97% não tinham nota fiscal. Além disso, a maioria era antiga, embora 90% ainda estivessem funcionando perfeitamente.

Medo
Para os pesquisadores, é preciso encontrar formas de a campanha também atingir pessoas mais pobres e mais jovens.

"A campanha precisa abrir as portas e encontrar o caminho de acesso aos jovens e às classes pobres. Exigem-se conta bancária e CPF para que o depósito (do pagamento pela arma) seja feito. Além disso, os postos de recolhimento são poucos ainda, nas áreas centrais, o que dificulta o acesso de quem anda de ônibus", disse Rubem César.

Num questionário onde são apresentadas várias razões para a entrega da arma — era possível escolher mais de uma — a resposta mais freqüente (81%) foi evitar que ela caísse em mãos erradas. Em seguida, apareceu o medo de acidente (47%); depois, o receio de ser vítima da própria arma num possível assalto (35%).

Para Rubem César, a campanha está atingindo seu objetivo ao retirar armas da classe média. Mas, segundo ele, está havendo falta de comunicação do governo. Devido a isso, de acordo com o pesquisador, chegou a se gerar uma expectativa de que a campanha pudesse reduzir o que ele chama de violência criminosa.

"A entrega é voluntária e feita por quem tem medo de arma, e não por quem vive dela. O combate à violência continua sendo fundamental", disse Rubem César.

José Eronides Mendonça, de 61 anos, é sargento reformado da Marinha e tinha três armas em seu apartamento. Mesmo morando sozinho, ele conta que não se sentia seguro com as armas, duas que herdou do pai e uma que comprou na Marinha. Por isso, decidiu entregá-las.

"A verdade é que agora estou me sentindo mais aliviado. Nunca me senti em segurança com elas. Acho que eu nunca as usaria. A melhor maneira de se proteger é não ter armas", afirmou o militar.

Entre os poucos jovens que compareceram ao posto, havia os que estavam se desfazendo de armas dos pais. Alair Gama de Oliveira Júnior, de 22 anos, conta que levou três revolveres comprados pelo pai, Alair Gama, de 51. O pai estava com medo de que as armas pudessem ser usadas contra a própria família.

"Nós discutimos e chegamos à conclusão de que seria melhor entregá-las. Ficamos com algum receio, algumas dúvidas sobre se deveríamos ou não nos desfazer das armas. Esperamos agora que o estado nos dê segurança", disse Alair Júnior.

A campanha para recolhimento de armas começou em julho deste ano, seguindo determinação da lei 10.826 de 2003, que criou o Estatuto do Desarmamento. Desde que a lei entrou em vigor, portar arma irregularmente passou a ser crime inafiançável, punido com pena de dois a quatro anos de reclusão. Quem tiver arma não registrada em casa pode ser condenado a uma pena de um a três anos de reclusão.

Para incentivar a entrega de armas, o governo Federal está fazendo até dezembro uma campanha em que paga entre R$ 100 e R$ 300 por item. Mas o medo da punição (13%) e a indenização paga pelo governo (21%) são motivos pouco apontados por quem entregou as armas no Viva Rio.

Comparando as armas entregues no posto do Viva Rio com as apreendidas pela polícia do Rio no ano passado, o estudo mostra índices semelhantes. Por exemplo, 63% das armas entregues eram revólveres. Já a polícia apreendeu 65% de revólveres. O índice de armas com número de série raspado entregues foi de 18%, contra 19% de armamento com essa característica apreendido pela polícia. Seis por cento das armas entregues eram de uso restrito, contra 8% no caso do material recolhido ano passado.

Para facilitar a vida de quem quer aderir à campanha do desarmamento, o Viva Rio vai inaugurar no próximo sábado, às 10h, com o apoio da Polícia Civil, mais três postos de recolhimento em igrejas na Barra da Tijuca, em Jacarepaguá e Cascadura. Os postos funcionarão aos sábados, de 9h às 17h. Os endereços são os seguintes: Comunidade Presbiteriana da Barra, na Avenida General Guedes da Fontoura 125, Barra da Tijuca (telefones 2493-7431 e 9384-9885); Ministério Apascentar, na Estrada do Cafundá 2, Jacarepaguá (3891-9300 e 9972-6466); e Igreja Metodista de Cascadura, Rua Ernani Cardoso 115 (telefone 2269-8298). Informações podem ser obtidas também pelo telefone 2555-3777, do Viva Rio, ou pelo site www.armanao.com.br.



As informações são do jornal O Globo.

   
 
 
 

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