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manifestação
23/06/2005
Ato contra a Discriminação na Faculdade de Direito do Largo São Francisco

Erika Vieira
especial para o GD



“Participo dessa causa para que no futuro meu filho não passe pelo preconceito que está acontecendo hoje”, declarou o coordenador do Curso Pré-Vestibular Comunitário Educafro, durante o Ato organizado na tarde de ontem pelos estudantes da Faculdade de Direito do Largo São Francisco em decorrência da acusação de racismo feita ao Centro Acadêmico XI de Agosto. "Se não fossem escravizados, os negros não teriam sido trazidos ao continente americano. Por pior que estejam aqui atualmente, estão melhores do estariam na África hoje”, essa é a tese considerada de cunho racista por parte da sociedade e que foi publicada no jornal “Gazieta” produzido pela “Escória”, atual direção do centro acadêmico.

A direção do XI de agosto declara que não houve intenção de ofender ninguém. “A Escória mostra o racismo e o preconceito de maneira caricata para ‘quebrar as pernas’ do preconceito. A piada foi feita para rir em primeiro momento, mas logo após parar e pensar a respeito”, explica o presidente da Escória, Fernando Boris Filho.

“O racismo se revela por essa piadinha, é difícil encontrar de maneira mais explicita um jornal dizendo ‘Morte aos Negros’. Todo mundo ouve piadinha homofóbica e dá risada, esse tipo de piada revela esse pensamento”, fala Boris Calazalns, aluno do 4º ano.

O Movimento Negro Unificado (M.N.U) pediu a destituição da direção da Escória no XI de Agosto. “A maioria dos jovens mortos são negros, conseqüência do crime de racismo. Devemos manter a convivência com racistas desse tipo intransigivel dentro da faculdade”, diz Regina Lúcia dos Santos, Coordenadora Municipal do M.N.U. Reflexões do sociólogo Florestan Fernades em favor da classe negra foram lembradas pelo representante da instituição Círculo Palmarino e ex-diretor do Diretório Central dos Estudantes (D.C.E) da USP, Fábio Nogueira, que fez um apelo para que a imagem da Universidade não fique manchada com esses acontecimentos.

No “Gazieta” também contém manifestações consideradas pejorativas às mulheres e aos homossexuais. A associação da parda GLBT esteve presente e declarou fazer uso da lei 10.948 que penaliza atos de discriminação em razão da orientação sexual de qualquer individuo, para enquadrar a Escória. A representante da GLBT, Regina Farcchini contou que já esteve antes na faculdade para debater sobre a diversidade sexual e que nunca imaginou ter que usar essa lei contra estudantes. “Sou estudante do curso de letras e sei muito bem os códigos lingüísticos para dizer o significa dessas expressões”, alegou Dário Neto aluno de mestrado da USP e membro do Prisma, órgão vinculado ao D.C.E.

“Me sinto péssimo quando entro nessa faculdade. Passo reto, não olho para ninguém”, desabafou o aluno do 4º ano de direito Fábio Araújo, que reclama da discriminação que sofre por ser homossexual. Ele ainda citou versos da banda Smitchs para expressar seu descontentamento: “Eu já vi isso [preconceito] acontecer na vida de outras pessoas e agora está acontecendo na minha”. Já Lívia, bissexual e integrante da Escória, disse que nunca foi tratada com desrespeito pelos companheiros.

A Marcha Mundial das Mulheres pediu que às futuras advogadas defendessem os direitos das mulheres. A aluna Marina Menezes do 5º ano, disse que já se sentiu discriminada inúmeras vezes dentro do ambiente universitário e sugeriu a abertura de um inquérito contra o XI de Agosto. A Secretaria da Justiça também esteve presente e informou que o órgão para processo de discriminação homofóbica está à disposição da sociedade.

O Ato foi encerrado com todos clamando: “Che, Zumbi, Antônio Conselheiro, na luta por justiça somos todos companheiros. “Amanhã (24/06) terá continuidade do Ato contra a discriminação na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, às 14 horas.


Lei Estadual 10.948/2001

   
 
 
 
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