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consulta nacional
25/08/2005
Violência entre jovens preocupa a comunidade

Carolina Lopes
Erika Vieira

Ontem a cidade de São Paulo concentrou pessoas de todo Brasil e de outros países para participarem na sede do Parlatino (Memorial da América Latina)da Consulta Nacional sobre Violência contra a Criança e o Adolescente.

O evento reuniu estudiosos em vários âmbitos da violência e profissionais que trabalham para combatê-la. Dentre os assuntos discutidos a violência comunitária ganhou destaque especial com participação de integrantes da ONU, UNICEF, USP, ONGs e do Governo Federal.

O centro do debate sobre a violência que acontece dentro da comunidade foi o jovem. A coordenadora do Programa de Redução e Demanda de Drogas da UNODC (Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime), Cíntia Freire, apresentou dados os quais mostram que 40% dos jovens que morreram em 2002 com idade entre 15 e 29 anos foram vitimas de arma de fogo. Em função disso, a ONU criou um Conselho Social que determina aos governos diretrizes para a prevenção da violência. A diretriz prevê programas sociais na área de saúde, educação, geração de renda, etc, além de penas alternativas e promoção da cultura da tolerância.

A violência gera ao país uma perda de 10,5% em relação ao PIB (Produto Interno Bruto). O grande responsável pela morte entre os jovens é a droga. Pesquisa realizada pelo UNODC levantou que os adolescentes começam a usar solventes e cocaína em torno dos 14 anos. Já o álcool é consumido mais cedo, 41% dos estudantes entre 10 e 12 anos experimentaram bebida alcoólica pelo menos uma vez na vida, sendo que 5,2% dos jovens de 12 a 17 anos são dependentes de álcool no país, segundo informações do SENAD (Secretaria Nacional Anti-Drogas). Dentro desse quadro as meninas estão superando o uso de bebidas e ansiolíticos (medicamentos) em relação aos meninos.

Em função desses índices alarmantes a Secretaria Nacional da Juventude criou o Projovem, programa a fim de resgatar os alunos que deixaram a escola (grande parte abandonou os estudos por causa das drogas) através de trabalhos de correção e de prevenção. A diretora de prevenção e tratamento da SENAD, Paulina Duarte, diz que a prevenção só pode ser feita por meio de políticas públicas, promoção da saúde, prevenção universal e seletiva, reincerção social e cumprir o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente).

O Núcleo de Estudos e Violência da Universidade de São Paulo também participou da discussão sendo representado pela professora Nancy Cárdia, que pesquisou o tema desde dos anos 80 até 2002. Ela declara que desde a década de 80 não houve melhora relevante nos índices de homicídio no país. A taxa oficial de homicídio em São Paulo é de 160 para cada 100 mil habitantes, sendo que a média nacional é de 200 para cada 100 mil. Porém, a professora afirma que a cidade de São Paulo ultrapassa a média nacional, e que as pesquisas realizadas não são confiáveis.


Mudando essa realidade
A violência apresenta altos índices dentro das comunidades, especialmente entre os jovens brasileiros. Foi percebendo isso que a cidade de Manaus resolveu agir para combater essa situação. A Secretaria de Segurança propôs a policia da cidade que elaborasse um programa que agisse no foco da violência que acontecia principalmente de madrugada. Foi então que surgiu o “Galera Nota 10”, dirigido pelo delegado João Paulo Afonso.

Galera Nota 10 é um programa que incentiva os jovens a deixarem as ruas e irem praticar atividades esportivas durante a noite. Há parceria entre educadores e policiais que trabalham sem farde e desarmados, ao todo são 88 profissionais que preferiram substituir a punição pela prevenção. Com isso, houve uma redução de 70% na taxa de criminalidade de Manaus. Hoje o Galera Nota 10 já atua em quatro pontos da cidade.

Essa iniciativa foi baseada na proposta implantada em Nova Iorque, no bairro do Brooklin, em que as quadras de basquete ficam abertas à noite. Algo parecido é feito em Brasília que tem o “Esporte a meia-noite”.

As ONGs também optaram por agir contra a violência, como é o caso da Lua Nova que auxilia mães que por estarem em situação de risco (morando na rua, condição de prostituição, envolvimento com drogas, etc) perderam a guarda dos filhos. A organização acolhe essas mães a trabalha para inseri-las novamente na comunidade.

A Lua Nova estabelece parceria com o público alvo, não oferecendo apenas ajuda assistencialista. Os princípios adotados são de responsabilizar o jovem pelo processo de transformação social, potencializando-os como agentes comunitários para que ele venha a viver de seu próprio empreendimento.

”Fazemos coisas para criar multiplicadores, para que o jovem não volte para a ONG e sim saia de lá e continue fazendo algo para seu futuro. Se tiver articulação a violência deixa de existir. A grande violência é a gente que faz por não ter articulação”, diz Raquel Barros, representante da Lua Nova.

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