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A tragédia dos professores enlouquecidos

“O modelo tradicional da escola está muito chato. Ela está muito chata. Precisa atualizar-se. Antigamente o mundo das pessoas e da criança era menor. Hoje a escola compete com toda variedade de esportes, filmes, CDs, DVDs, cybercafés, video games, clubes, academias, internet, facilidade de viagens, conhecer e experimentar o mundo em que vive. O que eu mais atendo em meu consultório é professor sem voz e criança com ‘dificuldade de aprendizagem’.

Vendo o problema do ponto de vista do professor, ele está falando pra quem não quer ouvir. Com isso ele se desgasta, fica desmotivado. Acrescido dos salários ruins, está se sentindo desvalorizado, sem voz!

O professor constrói um saber a medida que se especializa, faz um mestrado ou doutorado. Mas ele conhece muito pouco de comunicação interpessoal, técnicas de motivação e ensino, como o cérebro aprende, etc. Construir um saber é uma parte da questão, a outra é como transmiti-lo, como motivar, competindo ou tirando proveito das ‘facilidades’ do mundo moderno. Em vez disso, o professor conserva o padrão do século retrasado: fica em pé, andando pra lá e pra cá, recitando a sua aula. Aluns professores numa atitude rígida e ditatorial, sem espaço para o desenvolvimento da inteligência de seus alunos e do pensamento crítico. Os alunos não suportam mais este padrão.

Quando vamos ouvir o que as crianças estão nos dizendo?! Volta e meia temos uma notícia de agressões professores-alunos, aqui e nos EUA, com crianças menos tolerantes que vão também ao limite da ‘loucura’ metralhando colegas e professores.

Vendo o problema do ponto de vista da criança, ela não tem ‘dificuldade de aprendizagem’, o que há é ‘dificuldade de ensino’. Com tanta coisa pra fazer, a criança não aguenta ficar sentada bonitinha ouvindo o professor em pé lá na frente da sala recitando a sua lição. Quando eu recebo uma criança com ‘dificuldade de aprendizagem’, dentre outras experiências que lhe proporciono é fazer os jogos pedagógicos ou criados por mim de estimulação das percepções, fala e atenção.

Estou habituada a ver crianças de apenas 3 anos que não falam, interagindo com os programas de estimulação auditiva e de lingüagem se desenvolvendo com a maior facilidade. Essas crianças, digo sempre, parecem que já nasceram plugadas. O computador não faz cara feia quando ela erra, não diz palavras desagradáveis como ‘você errou’, ‘não é assim’, etc. Ele é estimulante. A criança flui bem, estimulada e tem variedade que não a deixa cansar. O caminho está a nossa frente. A internet está sendo subutilizada. A gente sabe que pode aprender tudo pela internet. Este istrumento deve ser usado (é claro que não só ele). Mas deve ser ensinado a criança, como achar o que precisa. As crianças estão usando só pra bater papo com os amigos, quando podem aprender muitas coisas, e rapidamente. Acho também que os meios de comunicação, TV especificamente são pouco usados com fins educativos e informativos. A TV é o maior meio de comunicação de massa que temos! Imagina isso sendo usado de uma forma interessante e divertida, estimulante, para educar e informar o nosso povo?! Que grande ugprade seria ao nosso povo e nosso país! Você não acha? Teríamos sem dúvida mais desenvolvimento, mais rapidamente, e menos excluídos.
Pronto! Tinha tanta vontade que isso acontecesse! O que você acha? Parece que é da sua área, da comunicação...

Em boa parte de minha vida como fonoaudióloga clínica atendia atendia crianças e entrava na pele das delas para sentir e entender o problema. Hoje atendo mais aos professores, estressados e sem voz. Vejo o problema do ponto de vista deles parece tudo muito complicado. Vendo de fora, fica tudo mais claro: estamos num modelo de ensino agonizante. Até quando?”
Heloisa Miguens Araújo – heloisamiguens@fonoaudiologia.com.br

“Sou professor de história do Estado do Rio de Janeiro. Tenho duas matrículas e por três anos seguidos freqüentei a biometria do Estado, pois fiquei três anos de licença por motivo de duas operações que eu fiz na coluna cervical. com o objetivo de colocar uma placa de Titânio na C 2 a C 6 - coluna cervical para eliminar hérnia de disco que provocava uma compressão na medula, promovendo uma perda dos movimentos dos membros inferiores. Durante estes três anos vi o drama de centenas de professores de primeiro e segundo grau da rede estadual de ensino afastado por uma série de doenças, desde problemas de coluna, enfartos, derrames – AVC -, problemas ortopédicos, problemas de varizes, de cordas
vocais, de gestação até problemas de ordem psiquiátricos.

Os expressivos números de professores afastados por motivo de ordem psiquiátrica, iam desde depressão, síndrome do pânico, paranóias, psicose maníaco depressivo, estresse até casos de histeria. As queixas estavam ligadas a diversas questões: baixos salários, desvalorização profissional e a conseqüente baixa estima estresse, superlotação das salas de aula, a agressividade e o desinteresse por parte dos alunos por parte dos alunos e seus responsáveis, a falta de perspectiva para estes mestres, a violência – tiroteios e balas perdidas em algumas comunidades.

Porém, durante estes três anos de afastamento o que me chamou atenção foi o desrespeito de alguns ‘educadores’ que ocupam algumas direções de estabelecimento de ensino. Fui readaptado para exercer função extra-classe em local próximo a minha residência e ao procurar um novo colégio ouvi expressões estarrecedoras, tal como ‘aqui estamos cheios de enfartados’.

Dimenstein, o diretor de um estabelecimento de ensino ao usar esta expressão – ‘aqui estamos cheios de enfartados’ - com um profissional, que está readaptado e apto para contribuir para a melhoria das condições de educação é uma verdadeira aberração e um despeito total a cidadania de um educador. Imagine o que esse diretor será capaz de fazer com um educando.

Ao acabar de ler o excelente artigo penso na Sirley Fernandes da Silva e vejo sem nenhum ‘corporativismo’ que, como ela, existem milhares de profissionais agridem desesperadamente colegas e alunos – tão vítimas como Sierly. E que me fez lembrar o diretor que me disse ‘aqui estamos cheios de enfartados’”
Carlos Penna – carlosrpenna@uol.com.br

”No final a culpa é mesmo do governo, simplesmente pelo fato de que este país não investe no básico, ou seja, na educação. Sem educação, todos os problemas se explicam e se justificam. Além de graves problemas sociais, o país não valoriza os profissionais da educação.

A notícia da Folha de S. Paulo é absurda (“Professores de SP ganham 69% a menos que do AC). Ora, veja a diferença do custo de vida entre as duas cidades além de diferenças culturais imensas. Quem já teve a oportunidade de viajar para fora do país e visitar países mais desenvolvidos que o nosso percebe claramente as diferenças de organização, limpeza de ruas, instituições que funcionam, redução dos índices de violência, qualidade dos sistemas de saúde, justiça que pune e nos choca no retorno ao país este choque cultural, visual, de percepção das ineficiências das instituições do país (quase todas) deste abandono quase total dos serviços públicos prestados pelo governo - isto só se perpetua pela educação, ou melhor pela falta dela., pois a ausência de conhecimento e senso crítico faz com que o povo não tenha ciência e capacidade de julgamento adequado da qualidade dos serviços a ela prestados - é a mansidão bovina. É a famosa história, povo de cordeiros, liderado por raposas!

Investir em educação dá resultado e leva tempo, mas aparece.”
Marcio Luiz S. Piloto – mpiloto@sofisa.com.br

“Ser professor no Brasil é estar num campo minado. Exige-se que o professor seja quase Deus. Precisa ser um profissional polivalente, nao só passar conhecimento, que sempre pensei ser a tarefa desse profissional. Os problemas socias do país acabam desembocando todos na sala de aula e o professor tendo que resolver tudo sem ter formaçao de Deus.

Brincadeiras à parte... que formaçao teria que ter esse profissional para estar lidando com tanta diversidade? Que escola é essa onde andamos em círculo e parece que nada muda? Há fatos isolados onde a educação dá certo. Será que o modelo de educaçao de um certo lugar daria resultado positivo pro resto do país?

Por que muitos professores estudam uma vida toda e não têm reconhecimento, não vê o resultado positivo do seu trabalho? Por que tantos professores dedicam a sua vida cuidando da base da educação, que é a alfabetização? Alfabetiza alunos durante toda a sua vida, capacita-se, trabalha muito e parece não ter resultados positivos? São muitos os questionamentos, mas nada tão grande quanto a angústia de ser professor hoje, num país onde a educação fica no discurso e o profissional desvalorizado aos olhos dos governantes e da sociedade.
acarbono@bol.com.br

 
 
 

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