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24/11/2003
Desemprego movimenta comércio da informação no Centro da cidade

Cópias e modelos de currículos, guia de endereços de agências de emprego e acesso à internet são mercadorias em alta na Rua Barão de Itapetininga
A informação é a principal mercadoria vendida na Rua Barão de Itapetininga, no Centro, parada obrigatória dos 2 milhões de desempregados da região metropolitana, por causa das 10 agências de emprego instaladas no número 140. Sob a forma de currículos, cópias de xerox, acesso à internet ou guia de agências, essa mercadoria é cotada a R$ 1 ou R$ 2 no máximo, quando não em centavos, e acessível a pessoas que há muito tempo não sabem o que é receber salário.

“O segredo de trabalhar com desempregado é oferecer serviço de qualidade a custo baixo”, diz o argentino Alejandro Barroso, de 29 anos. Instalado em uma sala do número 88 da Barão, ele oferece acesso à internet por R$ 2 a hora para o envio ou cadastro de currículos. A história dessa sala mostra como a internet é um promissor negócio na rua dos desempregados. Alejandro arrendou o negócio do seu vizinho, Marcelo Winther, um advogado trabalhista que dois anos antes oferecia o serviço em seu escritório nas horas vagas. A procura foi crescendo a tal ponto que Winther se viu obrigado a passar o negócio adiante. Com Alejandro, o número de micros saltou de cinco para 15.

“Ao longo do ano, esse negócio cresceu muito e tem mercado para isso por aqui. A pessoa não vai conseguir entregar um currículo em mãos na Johnson & Johnson, mas pela internet ela consegue. Para as empresas também é mais barato analisar os currículos que entram em sua base de dados do que colocar gente para recebê-los.”

Além do acesso aos sites de emprego, cada micro traz também um modelo de currículo para o desempregado preencher e imprimir. Cada folha impressa custa R$ 0,50 e, para quem precisar, tem envelope a R$ 0,30. Segundo Barroso, a cada semana são impressas pelo menos mil folhas de currículo.

O desempregado Sandro Vieira, de 29 anos, descobriu a sua fórmula de ganhar dinheiro na Barão. Ele vende informação a R$ 2, sob a forma de apostilas de uma ou duas páginas que ele monta em casa, com endereços, e-mails e telefones dos departamentos de recursos humanos de grandes empresas. De uma bolsa a tiracolo, ele saca a apostila a gosto do freguês: uma só para emprego em telemarketing, outra só para trabalhar em hospital e assim por diante. “É totalmente atualizado, eu garanto as informações”, diz ele, ao abordar desempregados na fila que leva às agências de emprego.

 


Ana Cristina da Conceição,
do Diário de S.Paulo.

 
 
 

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