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terceira idade
09/08/2004
Projetos criam arquitetura para idosos

O Brasil começa a dar os primeiros passos na criação de moradias e serviços hospitalares voltados para a terceira idade, a exemplo do que existe na Europa e nos Estados Unidos. No país, há cerca de 15 milhões de pessoas com mais de 60 anos, quase 9% da população, segundo o IBGE.

Amanhã, o Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo, inaugura oficialmente uma enfermaria geriátrica, com 17 leitos projetados especialmente para idosos acima de 65 anos -que representam hoje 24% dos pacientes da instituição-, um investimento de R$ 5 milhões.

Modelo pioneiro no país, o espaço tem inovações em engenharia e design hospitalar, como barras de segurança em toda a extensão do quarto, chão construído com material que absorve o impacto em casos de quedas e criado-mudo que se transforma em mesa, além de uma equipe multidisciplinar (médicos, enfermeiros, entre outros) treinada para cuidar de idosos.

O empresário Pietro Petrosino, 83, foi um dos primeiros pacientes a nova ala, antes mesmo da inauguração oficial. Ele diz que as barras que circundam todo o quarto são úteis para a locomoção, especialmente na hora de ir ao banheiro à noite. "Sem ter onde me apoiar fico meio confuso."

Segundo o médico Fábio Nasri, coordenador da área geriátrica do Albert Einstein, a maioria das quedas de idosos dentro de hospitais ocorre a dois ou três passos entre a cama e o banheiro.

No mercado imobiliário, crescem a chamadas "assisted living facilities" (moradias assistidas), que aliam estrutura de condomínios ou hotéis de luxo a serviços de saúde e entretenimento. Há moradias desse tipo em São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre (RS), Uberaba (MG) e Salvador (BA), com mensalidades que vão de R$ 2.000 a R$ 5.000, dependendo dos serviços oferecidos.

Na última quinta-feira, foi inaugurado o mais recente empreendimento na capital: o Saint Charbel, um flat com 92 apartamentos, próximo ao hospital Sírio Libanês, na região da avenida Paulista, projetado para receber idosos saudáveis ou com dificuldades de locomoção, com serviço de home care 24 horas, enfermaria, spa urbano, piscina etc. A mensalidade será em torno de R$ 2.300, mais 5% de taxa de administração.

Em comum, as moradias assistidas têm também pisos antiderrapante, banheiros com alças de apoio e com espaço para cadeira de rodas, botões de emergência espalhados pelos cômodos e serviços de saúde 24 horas para casos de emergência.

Esse tipo de habitação é muito freqüente nos EUA. Um estudo realizado em 2000 pela organização norte-americana Centro Nacional de Moradia Assistida mostrava que cerca de 800 mil americanos, com idade média de 80 anos, já habitavam os 33 mil complexos de moradias assistidas.

Em São Paulo, o Residencial Santa Catarina, na região da av. Paulista, funciona há quatro anos, tem 125 apartamentos e uma taxa de ocupação de 80%. O aluguel mensal é em torno de R$ 5.000.

"É um projeto futurista para o Brasil. Temos uma cultura de muito apego entre pais e filhos, mas, aos poucos, isso está mudando", diz Branko Granatic, gerente-executivo do residencial.

Na opinião do médico Luiz Roberto Ramos, chefe do departamento de estudos do envelhecimento da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), as moradias assistidas são uma boa solução para o idoso sem família ou para aqueles cujos filhos não têm tempo de cuidar deles. "Ter um idoso morando com os filhos nunca é uma situação ótima. Nem para um nem para outro", diz.

Ramos lembra, porém, que apenas uma minoria de idosos tem condições financeiras de bancar os custos de uma moradia assistida. A maioria deles ajuda os filhos e, muitas vezes, a renda da aposentadoria é a única da família.

Mas é possível dar um pouco mais de segurança aos idosos mesmo em casa, fazendo as adequações estruturais necessárias. Desobstruir o espaço, instalar uma barra de apoio no banheiro, adequar a altura do vaso sanitário, entre outros cuidados, podem ajudar a evitar quedas.

Pesquisa da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da USP, mostra que as quedas são responsáveis por 12% dos óbitos na terceira idade e que 30% dos idosos caem ao menos uma vez por ano.

CLÁUDIA COLLUCCI
da Folha de S.Paulo

 
 
 

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