Empresas
nordestinas têm grande participação social
Cristina
Veiga
Equipe GD
Ao contrário
do que se imaginava, as empresas privadas da região Nordeste
têm um grande envolvimento com o social. Um total de 55% das
88 mil empresas pesquisadas desenvolve algum tipo de atividade comunitária.
Mais surpreendente ainda é o percentual delas que realiza
ações sociais não obrigatórias em benefício
de seus empregados: 78%. Na região Sudeste, onde se esperava
um número maior, apenas 63% das empresas atendem a seus trabalhadores.
"A maioria
absoluta das empresas da região (52%) combina as duas formas
de atuação: tanto interna quanto externamente",
diz o relatório do Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (IPEA) obtido com exclusividade pelo GD. Apenas 17 mil
empresas da região, 19% do universo pesquisado, não
se mostraram atuantes em nenhum nível. O envolvimento das
empresas nordestinas com as comunidades praticamente independe de
seu tamanho, comportamento muito semelhante ao das empresas do Sudeste.
"A grande
maioria do empresariado tem a percepção de que é
necessário ir além das contribuições
que fazem por exigência legal, quer para seus empregados,
quer para a comunidade em geral", conclui a pesquisa do IPEA.
Outra surpresa
é o grande número de microempresas (com um a 10 empregados)
que prestam benefícios à comunidade: mais de 30 mil
empresas ou 55% do universo pesquisado. Se o tamanho não
faz diferença, o setor de atividade modifica esse comportamento.
Apenas 31% das empresas de construção civil têm
algum tipo de atividade social voltada para comunidades. Em compensação
95% delas exercem atividades voltadas para seus funcionários.
O mesmo já
não acontece com o comércio. Além de ser o
setor que proporcionalmente menos se envolve com a área social
(25%), ele tem uma atuação menor junto aos seus empregados.
Depois do comércio, quem menos se envolve com a ação
social é a agricultura, silvicultura e pesca (17%), seguido
pela indústria (13%), pelo setor de serviços (11%)
e pela construção civil (5%).
As empresas
criadas antes da década de 90 são as que menos participam
de ações sociais. "A idade parece influenciar
no comportamento da empresa na medida em que as mais novas são
mais atuantes e o são mais intensamente no atendimento de
seus empregados e familiares", diz o relatório. Mais
de 80% das empresas novatas realiza atividades sociais não
obrigatórias destinadas a seus empregados. As pequenas e
médias têm comportamento muito parecido ao daquelas
de grande porte: mais de 90% delas atendem seus empregados.
O relatório
do IPEA destaca o comportamento das empresas da Bahia. Um total
de 70% das que atuam no estado realizaram atividades para a comunidade
em 1999. No estado de São Paulo, onde o Produto Interno Bruto
(PIB) supera em muito o dos demais estados brasileiros, só
66% das empresas praticaram algum tipo de ação social.
"Outros fatores sócio-culturais, históricos e
religiosos, além dos econômicos, devem ser incorporados
na análise das diferenças de comportamento das empresas",
pondera o estudo.
"É
possível que grande parte dessas contribuições
seja composta por doações eventuais de pequeno porte",
diz o relatório do IPEA em sua conclusão. "Esse
envolvimento não deve ser desprezado, revela uma preocupação
com os problemas sociais, uma predisposição em participar
que pode e deve merecer apoio e incentivo". A idéia
dos economistas do IPEA é que esse estudo, que engloba todas
as regiões do país, sirva como subsídio para
a "formulação de medidas próprias para
estimular a realização de ações capazes
de atenuar as carências sociais do país."
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