Empresas
devem valorizar trabalhador negro, afirma ativista
Rodrigo Zavala
Equipe GD
Algumas iniciativas
que empresários podem tomar para combater o preconceito racial,
pelo menos dentro do ambiente de trabalho, são políticas
de valorização de profissionais negros. O resultado
de uma iniciativa desse porte poderia atenuar a discrepância
entre os salários entre brancos e negros dentro das empresas.
As conclusões
são da fundadora e diretora-executiva do Geledés Instituto
da Mulher Negra, Sueli Carneiro, ao ministrar palestra realizada
no Conferência 2002 - Empresas e Responsabilidade Social,
promovido pelo Instituto Ethos, em São Paulo. Segundo ela,
o Brasil precisa de ações afirmativas para reiterar
aos empregadores que a performance individual não está
atrelada à raça.
Estudo elaborado
pela Fundação Sistema Estadual de Análise de
Dados (Seade) mostra que a discriminação em relação
à remuneração é imensa. O chefe de família
não-negro recebe um salário médio mensal de
R$ 1.236, seguido pela mulher não-negra, que recebe em média
R$ 765. Já o rendimento médio do homem negro é
de R$ 639 e, para as mulheres negras, de apenas R$ 412.
Apesar de pesquisas
apontarem as discrepantes diferenças na qualidade de vida
dos negros brasileiros, em comparação aos brancos,
para Sueli, pouco se faz para mudar essa situação.
Um bom exemplo para ilustrar essa diferença está claro
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Em 1999, o Brasil
ocupou o 79º lugar segundo o IDH da ONU.
No entanto, quando o indicador é desagregado por raça,
verifica-se que o IDH da população negra ocupa a colocação
108 - cinco posições abaixo da África do Sul,
país que até recentemente esteve sobre o regime do
apartheid. Enquanto a população branca ocupara o 49º
lugar, ao lado da Bélgica. "Convive-se, com quase absoluta
indiferença do conjunto da sociedade em relação
à exclusão do negro", criticou.
Para Sueli,
o racismo e a discriminação transformam, no Brasil,
suas vítimas em um ônus para a sociedade, um desafio
para o desenvolvimento e um impasse para a consolidação
da democracia. "Uma mudança desse quadro requer vontade
política dos governos, empresas e demais instituições
da sociedade para a adoção de medidas que rompam com
a apartação racial". Dessa forma, se formariam
agentes ativos no progresso de uma nação baseada em
imperativos éticos e morais.
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