Prêmio
Minhocão
A assessoria
da prefeita Marta Suplicy elaborou um plano para fazer sumir
o Minhocão.
Inaugurado
em 25 de janeiro de 1971 pelo então prefeito, Paulo
Maluf, o Minhocão, como foi apelidado o elevado Costa
e Silva, é o melhor símbolo paulistano da supremacia
do carro sobre a cidade. Estragou a paisagem dos prédios,
alguns deles de classe média e alta, cujos moradores
passaram a conviver com um ruído permanente e com a
poluição dos carburadores. A cobertura de 3,4
km de extensão atraiu moradores de rua e ajudou a deteriorar
a avenida São João em particular e o centro
da cidade em geral.
A discussão
sobre o desmonte do Minhocão entre os técnicos
da prefeitura foi estimulada pelo arquiteto Jorge Wilheim,
secretário municipal de Planejamento. "Aquilo
não tem remendo", diz Wilheim. O projeto consiste,
basicamente, em abrir um caminho subterrâneo na avenida
São João -uma intervenção que
se assemelharia à passagem de automóveis no
vale do Anhangabaú. "Tirar o elevado é
viável tecnicamente, mas não é prioridade",
resigna-se.
Odiado
a ponto de quererem exterminá-lo sumariamente, o Minhocão
ganha, enfim, reconhecimento pela sua importância -e
torna-se uma referência de intervenção
urbana. Um grupo de arquitetos e urbanistas da Escola da Cidade,
instalada na rua General Jardim, cruzada pelo elevado, decidiu
lançar neste ano o bem-humorado Prêmio Minhocão
para premiar as obras de mau gosto da cidade de São
Paulo. Haverá um júri popular que votará
pela internet e um grupo de professores que também
farão a escolha.
Difícil
saber se os "premiados" vão encarar a lista
com bom humor. Nas discussões preliminares sobre a
lista de votação, apareceram candidaturas consensuais
(a praça Roosevelt, os corredores de ônibus das
avenidas Nove de Julho e Santo Amaro), mas também nomes
carimbados, que lançaram recentemente obras polêmicas
-como a marquise de Paulo Mendes da Rocha, na praça
do Patriarca, ou o Centro Tomie Ohtake, de Ruy Ohtake.
Entrarão
na lista monumentos ao estilo neoclássico. "É
um jeito de ensinar, pela brincadeira, estética aos
paulistanos", diz o designer Rafic Farhat, diretor da
Escola da Cidade, para quem Paulo Maluf deveria ganhar um
prêmio: morar um mês, gratuitamente, num apartamento
no nível do elevado.
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