O
mistério do Hospital Matarazzo
Especialista
em restauração de prédios tombados, a
arquiteta Helena Saia descobriu entradas tapadas com cimento
e tijolos nos corredores subterrâneos do Hospital Matarazzo,
por onde eram transportados os defuntos.
Helena
ficou intrigada. Entrevistou ex-funcionários do hospital
e colheu uma versão para o mistério: o conde
Matarazzo, simpatizante de Mussolini, teria utilizado aqueles
espaços para esconder fascistas perseguidos no Brasil.
"Disseram
que até nazistas passaram por lá", conta
a arquiteta.
Bem mais
palpitante é o mistério atual do Hospital Matarazzo,
pelo menos para os investidores do mercado imobiliário.
A atenção sobre aquele terreno de 25 mil metros
quadrados, grudado na avenida Paulista, está aumentando
ainda mais neste ano: ali vai acontecer o Casa Cor, evento
máximo de arquitetos e decoradores no Brasil.
Proprietária
do imóvel, a Previ -o fundo de pensão dos funcionários
do Banco do Brasil - não sabe como, nem quando, nem
para quem (nem se) será vendido. O arquiteto Júlio
Neves elaborou um projeto para ocupar parte do terreno, onde
construiria um shopping center e um prédio comercial.
Foram
tantas as pressões e os obstáculos legais que
ele desistiu da iniciativa. "Continuo interessado",
informou, garantindo que ajudaria a restaurar o hospital para
que voltasse a ter utilização médica.
O sonho
dourado da Fundação Getúlio Vargas é
ampliar seu campus para aquela área, que fica exatamente
em frente à faculdade. Por falta de espaço,
eles estão se dispersando em diferentes prédios.
"Fizemos o que foi possível", lamenta o diretor
da FGV, Sylvio Mazzucca, dizendo-se ainda à espera
de um sinal da Previ para apresentar uma nova oferta. Existe
até um corredor, debaixo da rua Itapeva, que liga a
escola ao hospital.
O empresário
Mario Amato, ex-presidente da Fiesp, não se conforma
com o fato de, entre as colônias estrangeiras de São
Paulo, somente a italiana não ter um hospital; nas
redondezas, está o Sírio-Libanês e, do
outro lado da avenida Paulista, o Oswaldo Cruz, criado por
alemães, além da Beneficência Portuguesa.
Quer que o Matarazzo volte a ser um hospital respeitado.
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