As
olimpíadas do arquiteto
Um dos
mais renomados arquitetos brasileiros, Paulo Mendes da Rocha
decidiu ficar de fora das estatísticas automobilísticas
de São Paulo: não usa mais carro particular.
Como tem seu escritório no centro, prefere o metrô
e, sempre que pode, anda a pé; usa o táxi só
quando não tem saída.
Não
lhe faltam motivos para ter prazer de caminhar pela região
central. Revitalizou a Pinacoteca do Estado, deve reformar
a estação da Luz, criou uma marquise na praça
do Patriarca e prepara as instalações do Sesc
na 24 de Maio. "O que me incomoda em São Paulo
é não ser uma cidade para todos."
Esse contato
direto com as ruas, sem a blindagem do automóvel, revela
um misto de praticidade com o encanto pelo convívio
urbano. "O papel do arquiteto é fazer ver o que
existe", ensina. Esse simples princípio é
o que orienta o projeto mais arrojado em andamento nas pranchetas
para São Paulo: a transformação de toda
a cidade em uma vila olímpica.
A prefeitura
e o governo estadual decidiram apostar na possibilidade, ainda
remota, de São Paulo ser escolhida como sede dos Jogos
Olímpicos de 2012. Chamaram, então, Paulo Mendes
da Rocha para a apresentação de um projeto -
ele já tinha recebido encomenda semelhante da Prefeitura
de Paris, candidata aos Jogos de 2008.
Com a
ajuda de 40 arquitetos, ele optou por valorizar a cidade inteira,
não restringindo a concentração dos Jogos
numa asséptica vila, distante do burburinho. A idéia
é espalhar as atividades esportivas em várias
localidades, unidas por um sistema de transporte público
- especialmente linhas de metrô e trens expressos -
a ser preparado até a data da competição.
Seriam também recuperados os rios Pinheiros e Tietê,
transformados em áreas de lazer e de fluxo de pessoas.
São
obras que já estão em curso ou planejadas, mas,
com as Olimpíadas, seriam apressadas, graças
a investimentos federais. Os Jogos Olímpicos seriam
quase um pretexto para uma reforma urbana. "Não
quis inventar uma nova cidade, mas apenas mostrar o que já
existe e o paulistano não vê." Se sair mesmo
do papel, será mais fácil que, no futuro, as
pessoas sigam o exemplo de Paulo Mendes da Rocha e possam
deixar, sem maiores transtornos, o carro em casa.
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