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Dia 26.03.03

O médico-jardineiro anônimo

O personagem da coluna de hoje é um médico homeopata, cujas iniciais são FK, que se dispôs a falar sobre seu inusitado hobby com uma condição: o anonimato. "Não gosto de aparecer", justifica.

Quando estudava na faculdade de medicina - especializou-se em gastroenterologia -, ele se interessou pelo cultivo de plantas e de árvores; fez do jardim de sua casa um espaço terapêutico. "Aprendi praticamente tudo sozinho", orgulha-se. Aprimorou-se tecnicamente na fazenda que possui em Paraty, transformada em um laboratório particular de paisagismo.

Seu hobby se tornou uma marca registrada. "Quando sou convidado a um sítio, não levo vinho. Chego com uma muda de árvore para ser plantada. É ótimo. Quando volto ao lugar, todos comentam o desenvolvimento da muda."

Ao se mudar para o bairro Alto da Boa Vista, há três anos, foi mais longe e optou pelas intervenções públicas. Tocava a campainha das casas dos desconhecidos vizinhos e, atendido pelo interfone, fazia a estranha oferta. Pedia autorização para plantar na calçada deles e ainda lhes oferecia um cardápio de árvores com várias opções.

Inicialmente, alguns vizinhos - protegidos pelas grades e muros altos - consideraram o médico-jardineiro um tanto exótico; outros desconfiavam de sua saúde mental.

As suspeitas desapareceram quando brotaram as flores e surgiram as frutas, com suas cores e aromas, das pitangueiras, das jabuticabeiras ou dos abacateiros. Com as cores e aromas vieram os pássaros.

Todas as semanas, ele vai à Ceagesp e compra pelo menos dez mudas de árvore, as quais submete a um rígido controle de qualidade antes de serem plantadas. Só depois sai à procura do melhor lugar para enterrá-las e as oferece a alguém, a quem ensina como cuidar delas.

Ele lastima que as escolas não ensinem o paisagismo às crianças. "É um erro", lamenta. "Manter a qualidade de vida é o melhor sinal de civilização. Não sei por que as pessoas não se preocupam com isso."

E por que não quer aparecer? - pergunto. "Porque eu sinto ainda mais prazer em melhorar, sem ter publicidade, a minha comunidade."

 

 
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