O
médico-jardineiro anônimo
O personagem
da coluna de hoje é um médico homeopata, cujas
iniciais são FK, que se dispôs a falar sobre
seu inusitado hobby com uma condição: o anonimato.
"Não gosto de aparecer", justifica.
Quando
estudava na faculdade de medicina - especializou-se em gastroenterologia
-, ele se interessou pelo cultivo de plantas e de árvores;
fez do jardim de sua casa um espaço terapêutico.
"Aprendi praticamente tudo sozinho", orgulha-se.
Aprimorou-se tecnicamente na fazenda que possui em Paraty,
transformada em um laboratório particular de paisagismo.
Seu hobby
se tornou uma marca registrada. "Quando sou convidado
a um sítio, não levo vinho. Chego com uma muda
de árvore para ser plantada. É ótimo.
Quando volto ao lugar, todos comentam o desenvolvimento da
muda."
Ao se
mudar para o bairro Alto da Boa Vista, há três
anos, foi mais longe e optou pelas intervenções
públicas. Tocava a campainha das casas dos desconhecidos
vizinhos e, atendido pelo interfone, fazia a estranha oferta.
Pedia autorização para plantar na calçada
deles e ainda lhes oferecia um cardápio de árvores
com várias opções.
Inicialmente,
alguns vizinhos - protegidos pelas grades e muros altos -
consideraram o médico-jardineiro um tanto exótico;
outros desconfiavam de sua saúde mental.
As suspeitas
desapareceram quando brotaram as flores e surgiram as frutas,
com suas cores e aromas, das pitangueiras, das jabuticabeiras
ou dos abacateiros. Com as cores e aromas vieram os pássaros.
Todas
as semanas, ele vai à Ceagesp e compra pelo menos dez
mudas de árvore, as quais submete a um rígido
controle de qualidade antes de serem plantadas. Só
depois sai à procura do melhor lugar para enterrá-las
e as oferece a alguém, a quem ensina como cuidar delas.
Ele lastima
que as escolas não ensinem o paisagismo às crianças.
"É um erro", lamenta. "Manter a qualidade
de vida é o melhor sinal de civilização.
Não sei por que as pessoas não se preocupam
com isso."
E por
que não quer aparecer? - pergunto. "Porque eu
sinto ainda mais prazer em melhorar, sem ter publicidade,
a minha comunidade."
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