Basquete
dá samba
Ronaldo
Belloti, o Magrão, dava aulas de basquete no Esporte
Clube Sírio até 1991, quando resolveu tentar
a vida de cantor profissional. Mudou-se para Salvador, decidido
a começar sua carreira nos bares noturnos -seduzido
que estava pela musicalidade dos baianos. Não deu certo.
Sem dinheiro, acabou morando em uma favela. Mas nem tudo estava
perdido: ao retornar para São Paulo, reinventou o ensino
de basquete.
Quando
vivia na favela em Salvador, Magrão espantava o tédio
ensinando basquete para a garotada. Observava, entusiasmado,
a facilidade com que a coreografia do esporte se misturava,
nas improvisadas quadras, com os ritmos africanos; o ritmo
aparecia no impacto da bola no chão, a coreografia
desenhava-se na ginga do drible.
Voltou
para São Paulo e, apoiado pela prefeitura e pela Cooperativa
de Ex-Atletas de Futebol, misturou a prática do basquete
com a dança e com os ritmos brasileiros. "A prática
esportiva que respeita o saber popular e as habilidades individuais
favorece o contato das crianças e dos adolescentes
com as sensações e percepções,
o que produz equilíbrio psicológico", diz
o ex-jogador.
Magrão
testa essa trama de dança e esporte em centros esportivos
da zona leste da capital. "Eles conseguem se manifestar
por inteiro. Afinal, já têm a ginga da capoeira,
do samba e do hip hop. Só precisam pensar que o basquete
também é uma coreografia. Cada batida no chão
é um batida de percussão."
O projeto
de Magrão é invadir as escolas de samba, levando
para as suas quadras a paixão pelo basquete. "Lá
estão nossas raízes e, portanto, a base de nosso
trabalho."
Existe, no entanto, um plano ainda mais ousado que envolve
Magrão, a ser testado, em um programa experimental,
que deve começar no início do próximo
ano. Serão instaladas tabelas de basquete e pistas
de skate em pontos deteriorados da cidade. Grafiteiros convidarão
os jogadores para embelezar o espaço, dando identidade
às quadras improvisadas -e também serão
chamados a jogar.
A idéia
é que a combinação de dança, esporte
e artes plásticas recupere áreas abandonadas
de São Paulo.
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