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Dia 12.03.03

As preguiças da Paulista

Há 55 anos, o estudante Nelson Baeta voltava para casa, nos arredores da avenida Paulista, depois de pular o muro e pegar frutas numa mansão onde hoje está o Conjunto Nacional. A alegria se desfez quando viu uma cena que ficaria para sempre marcada em sua lembrança. Estavam mortos, no chão, dois bichos-preguiça abraçados; mãe e filhote tinham sido eletrocutados ao saírem, pelas árvores, do parque Trianon, pendurando-se nos fios de eletricidade da rua Peixoto Gomide.

A morte fora anunciada semana antes. O pai do estudante, o médico Baeta Neves, tinha advertido diretamente o prefeito de São Paulo de que, mais cedo ou mais tarde, as preguiças do Trianon morreriam. Não era difícil prever: deixaram crescer demasiadamente as árvores das ruas que ladeavam o parque e os bichos ficaram próximos dos fios elétricos. Não sobrou nenhuma preguiça.

O adolescente que pulava os muros tem agora 70 anos e, numa volta ao passado, planeja criar preguiças no parque Trianon. "Já estou consultando especialistas e zoológicos", anima-se Nelson Baeta, presidente da Associação Paulista Viva.

Os projetos ecológicos de Baeta estão baseados nas promessas da prefeitura para as comemorações dos 450 anos da cidade: pretende-se revitalizar a avenida Paulista. Lá seria construído um corredor cultural, onde se realizariam shows de música diariamente. Já existem negociações com as grandes empresas da avenida para o patrocínio dos eventos.

Um dos palcos seria instalado no parque Trianon já supostamente recuperado - e os imóveis abandonados já estariam ocupados. "É uma prioridade", assegura Celso Marcondes, que preside a comissão do aniversário de São Paulo. Já neste ano o trecho da Paulista entre o parque e o Masp deverá, aos domingos, ficar fechado ao trânsito.

Talvez a volta das preguiças pareça delírio juvenil. Um problema, porém, mais difícil de resolver vem ocorrendo no ambiente da selvageria paulistana. Segundo estatísticas policiais concluídas nesta semana, desde que se instalaram os quiosques com PMs em várias esquinas, os índices de furto e roubo caíram 70% na avenida Paulista -um cenário tão distante daquele dos tempos em que ali o maior risco de morte quem corria era uma preguiça num fio elétrico.

 

 
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