Tesouro
escondido
Por falta
de espaço para exposição, existe um tesouro
artístico escondido na cidade de São Paulo.
Não se sabe quando - ou se - as obras vão ganhar
um museu para sair dessa clandestinidade cultural.
É
um acervo de 2.000 obras pertencentes à prefeitura,
que é mantido no Centro Cultural São Paulo,
em salas acessíveis apenas a pesquisadores de artes
plásticas. Mas mesmo estes devem marcar hora para visitá-lo
e ter seu projeto de pesquisa aprovado com antecedência.
Gastos
culturais e sociais públicos, no Brasil, obedecem à
mesma lei: os recursos são escassos e, mesmo assim,
muitas vezes, desperdiçados.
Estão
ali trabalhos de Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Renoir,
Marc Chagal, Alfredo Volpi e Frans Post. "As obras estão
no acervo desde 1980 e não sabemos quando merecerão
um museu", lamenta Paulo Monteiro, responsável
pela Pinacoteca Municipal de São Paulo. É como
se fosse uma pinacoteca virtual.
Esse desperdício
entrou na agenda de uma comissão criada na semana passada
para discutir como desenvolver e melhor aproveitar os espaços
culturais, estabelecendo conexão com a comunidade e,
em especial, com as escolas públicas. Com a parceria
das secretarias estadual e municipal da Cultura, o grupo reúne
diretores de museus, arquitetos, intelectuais e urbanistas.
"Vamos ter que encontrar um lugar para expor o acervo
da Pinacoteca Municipal", compromete-se a secretária
estadual da Cultura, Cláudia Costin.
Dessa
comissão sairá, por exemplo, a decisão
sobre o que fazer com o antigo prédio do Dops, reformado,
que deveria abrigar o Museu do Imaginário Brasileiro,
planejado pelo artista plástico Emanoel Araújo.
Se o acervo municipal são obras à procura de
um museu, o prédio do Dops, por enquanto, é
um museu à procura de obras.
Não
é fácil nem barato tocar um museu, cuidando
de obras de arte. O Museu de Arte Moderna tem uma despesa
mensal de R$ 300 mil. "Estamos sem dinheiro", lamenta
Milu Villela, presidente do MAM, ao reclamar de que, por causa
da crise, os patrocínios estão diminuindo.
A briga
por espaço é dura. "Temos muita coisa guardada",
afirma Marcelo Araújo, diretor da Pinacoteca do Estado,
de olho nas instalações do seu espaçoso
vizinho, a estação da Luz, futura sede de um
memorial da língua portuguesa.
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