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04/06/2006
-
09h05
MARIO CESAR CARVALHO
da Folha de S.Paulo
Um grupo de 64 doleiros remeteu ilegalmente US$ 19,53 bilhões só para bancos dos Estados Unidos num período de oito anos (de 1996 a 2003), segundo dados do Ministério Público Federal do Paraná, aos quais a Folha teve acesso.
A cifra, equivalente a R$ 44,62 bilhões em valores atuais, é só a pontinha do iceberg da maior investigação já realizada sobre o mercado paralelo de dólar, conduzida pela Força-Tarefa CC5, um grupo que inclui procuradores e delegados da Polícia Federal.
Os R$ 44 bilhões correspondem, literalmente, a uma montanha de dinheiro. Para alcançar esse valor, seria necessário somar o faturamento anual de três das maiores empresas brasileiras: Petróleo Ipiranga, Volkswagen e General Motors.
O mercado de dólar é alimentado por dinheiro sem origem, como caixa dois das empresas, tráfico de drogas e corrupção. Estimativa feita pelo IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário), a pedido da Folha, aponta que os principais clientes de doleiros atualmente são as empresas.
O mercado paralelo de dólar gira anualmente US$ 63 bilhões no Brasil, segundo estimativa de Gilberto Luiz do Amaral, do IBPT --a avaliação é difícil porque tenta medir a parte subterrânea da economia. Desses US$ 63 bilhões, US$ 49 bilhões são movimentados por empresas, principalmente as envolvidas em comércio exterior, segundo ele.
Amaral diz ter feito essa conta a partir da estimativa feita pelo IBPT de que o caixa dois --o faturamento não declarado das empresas-- é de R$ 1 trilhão. Cerca de 10% dessa cifra (os US$ 49 bilhões) iria para o mercado paralelo de dólar.
O tráfico de drogas e a corrupção responderiam pelos US$ 14 bilhões anuais restantes, na estimativa do IBPT.
Criada em maio de 2003, a Força-Tarefa CC5 tinha como objetivo investigar as remessas feitas por meio de CC5 (contas autorizadas pelo Banco Central a enviar recursos para o exterior). Diversamente da CPI do Banestado, que acabou em 2005 sem nenhum resultado prático, a força-tarefa acumula sucessos. O maior deles talvez tenha sido a decisão da promotoria de Nova York de colaborar com as investigações brasileiras sobre dinheiro sujo.
Os cerca de US$ 20 bilhões remetidos para os EUA foram calculados a partir da documentação enviada pelos americanos. É vasta o suficiente para ocupar um contêiner.
A cooperação americana não é desinteressada. Depois dos ataques do 11 de Setembro, dinheiro sujo tornou-se uma das obsessões dos EUA. O dinheiro do terror transita nos mesmos canais usados pelas empresas e traficantes.
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da Folha de S.Paulo
Um grupo de 64 doleiros remeteu ilegalmente US$ 19,53 bilhões só para bancos dos Estados Unidos num período de oito anos (de 1996 a 2003), segundo dados do Ministério Público Federal do Paraná, aos quais a Folha teve acesso.
A cifra, equivalente a R$ 44,62 bilhões em valores atuais, é só a pontinha do iceberg da maior investigação já realizada sobre o mercado paralelo de dólar, conduzida pela Força-Tarefa CC5, um grupo que inclui procuradores e delegados da Polícia Federal.
Os R$ 44 bilhões correspondem, literalmente, a uma montanha de dinheiro. Para alcançar esse valor, seria necessário somar o faturamento anual de três das maiores empresas brasileiras: Petróleo Ipiranga, Volkswagen e General Motors.
O mercado de dólar é alimentado por dinheiro sem origem, como caixa dois das empresas, tráfico de drogas e corrupção. Estimativa feita pelo IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário), a pedido da Folha, aponta que os principais clientes de doleiros atualmente são as empresas.
O mercado paralelo de dólar gira anualmente US$ 63 bilhões no Brasil, segundo estimativa de Gilberto Luiz do Amaral, do IBPT --a avaliação é difícil porque tenta medir a parte subterrânea da economia. Desses US$ 63 bilhões, US$ 49 bilhões são movimentados por empresas, principalmente as envolvidas em comércio exterior, segundo ele.
Amaral diz ter feito essa conta a partir da estimativa feita pelo IBPT de que o caixa dois --o faturamento não declarado das empresas-- é de R$ 1 trilhão. Cerca de 10% dessa cifra (os US$ 49 bilhões) iria para o mercado paralelo de dólar.
O tráfico de drogas e a corrupção responderiam pelos US$ 14 bilhões anuais restantes, na estimativa do IBPT.
Criada em maio de 2003, a Força-Tarefa CC5 tinha como objetivo investigar as remessas feitas por meio de CC5 (contas autorizadas pelo Banco Central a enviar recursos para o exterior). Diversamente da CPI do Banestado, que acabou em 2005 sem nenhum resultado prático, a força-tarefa acumula sucessos. O maior deles talvez tenha sido a decisão da promotoria de Nova York de colaborar com as investigações brasileiras sobre dinheiro sujo.
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