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03/09/2003 - 20h32

Anvisa ameaça punir Souza Cruz por relacionar cigarro a fruta e verdura

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SÉRGIO RIPARDO
da Folha Online

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) ameaçou hoje punir a Souza Cruz, maior fabricante de cigarros do país, por lançar uma campanha promovendo o "consumo moderado" do produto e por divulgar uma lista de 134 ingredientes do cigarro, associados a alimentos como frutas e verduras, e a bebidas como sucos, iogurte e vinho.

Em nota, a agência diz que a intenção da Souza Cruz "é glamourizar seus produtos, minimizando os riscos dos ingredientes, componentes e contaminantes". O órgão diz que pretende avaliar o caso e autuar a empresa.

O auto de infração representa a abertura de um processo administrativo que pode resultar em multa e suspensão da campanha, explica a assessoria da agência.

Desde a segunda-feira passada, a Souza Cruz divulga, em seu site, uma lista das substâncias usadas na fabricação do cigarro, apontando que esses produtos também são encontrados em vários alimentos e bebidas.

Exemplo: o ácido cítrico é um ingrediente presente no cigarro, bem como no tomate, abacaxi e frutas cítricas, segundo a lista da Souza Cruz.

Folha Imagem
Souza Cruz lança lista de ingredientes do cigarro e campanha de informação
A Anvisa considerou "absolutamente falacioso" relacionar os alimentos com os componentes do cigarro, pois "leva o consumidor a uma conclusão equivocada quanto aos riscos" do fumo.

A nota da Anvisa, assinada pelo gerente de controle de produtos derivados do tabaco, Moyses Diskin, aponta ainda omissões na lista da Souza Cruz.

"Nenhum das tintas usadas na confecção dos seus cigarros foi mencionada."

A agência diz que a empresa está promovendo seus produtos, o que é proibido pela lei. A Souza Cruz pretende afixar cartazes em mais de 30 mil pontos-de-venda defendendo a idéia de "fumar com moderação" e ainda vai criar um telefone para dar orientação aos fumantes.

"O cigarro tem como seu principal indutor de dependência a nicotina, que é considerada uma das drogas de maior potencial de dependência, além de mais de 4.700 componentes tóxicos conhecidos e que são cientificamente correlacionados com a ocorrência de câncer, doenças vascular, cardíaca, pulmonares, problemas gestacionais, entre outras", diz a nota.

A Anvisa cita ainda ser "mundialmente conhecida a capacidade das empresas produtoras de cigarros em buscar outros caminhos para a propagação de seus produtos, além de mecanismos de pressão e intimidação das autoridades públicas com vistas a reduzir os impactos das campanhas que têm o objetivo de reduzir o consumo de tabaco".

A nota conclui citando que a agência e o Ministério da Saúde "repudiam essa forma de atuação".

Outro lado

A reportagem não conseguiu ouvir a Souza Cruz, após receber a nota da Anvisa às 19h. Ontem, durante um bate-papo na internet com jornalistas sobre o lançamento da campanha, a Folha Online perguntou ao gerente de assuntos corporativos da empresa, João Paulo Gava, se a Souza Cruz não temia que a campanha funcionasse como um "tiro no pé" em caso de a lista ser acusada de esconder a verdade.

Ele respondeu, por e-mail, o seguinte: "A Souza Cruz é uma empresa ética e responsável e a lista que estamos tornando pública pela primeira vez para os consumidores contém as mesmas informações que são apresentadas para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anualmente".

"O objetivo da campanha é informar os consumidores adultos, de modo que possam tomar a decisão de fumar ou não. Não se trata de uma propaganda enganosa, pois estudos reportam a redução de riscos em grupos de pessoas que fumam menos", disse Gava, no bate-papo, promovido pelo site "Comunique-se", especializado em mídia.

No primeiro semestre deste ano, a empresa registrou uma queda de quase 8% nas vendas de cigarros.

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