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28/09/2004 - 09h17

Lula quer cortar salário de bancários em greve

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VALDO CRUZ
Diretor-executivo da Folha de S.Paulo, em Brasília
GUSTAVO PATU
da Folha de S.Paulo, em Brasília

O governo federal decidiu ontem endurecer contra os funcionários do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, que encabeçam a greve dos bancários iniciada há duas semanas. Decidiu-se não apresentar novas propostas salariais, cortar o ponto dos grevistas e preparar um eventual recurso ao TST (Tribunal Superior do Trabalho).

Avalia-se que a greve já começa a prejudicar serviços essenciais para a população mais carente, como os pagamentos do Bolsa Família, do seguro-desemprego e dos benefícios previdenciários de aposentados e pensionistas. A preocupação do governo é que isso acabe atrapalhando os candidatos petistas e aliados nas eleições municipais, cujo primeiro turno será no domingo.

O tema é politicamente delicado na administração Luiz Inácio Lula da Silva, que conta com três ministros originários do movimento sindical bancário --Ricardo Berzoini (Trabalho), Luiz Gushiken (Comunicação de Governo) e Olívio Dutra (Cidades), que já deram declarações simpáticas à greve.

A orientação para o endurecimento com os grevistas partiu do próprio presidente Lula, durante reunião ontem no Palácio do Planalto em que o tema foi discutido. Lula foi alertado pela direção da Caixa e do BB que o movimento poderia começar a arranhar a imagem do governo em final de mês, quando se concentram pagamentos à população.

Gushiken, que havia manifestado apoio aos grevistas e participou do encontro no Planalto, foi encarregado de levar a decisão a uma reunião entre a equipe econômica e os dirigentes dos bancos federais.

Participaram da reunião no Ministério da Fazenda, além de Gushiken, Berzoini, Bernard Appy (secretário-executivo da Fazenda), Cássio Casseb (presidente do BB) e Jorge Mattoso (presidente da CEF).

O grupo, com aval de Lula, decidiu que os bancos federais cortarão o ponto dos grevistas e não irão além da proposta patronal apresentada pela Fenaban (Federação Nacional dos Bancos), de reajuste salarial de 8,5%. Os bancários querem 25%. Avalia-se, em setores ligados às negociações, que os funcionários dos bancos públicos estão entre os mais resistentes a aceitar a proposta.

Representantes do BB e da CEF se reuniram com o presidente do TST, Vantuil Abdala. Segundo o relato do tribunal, os dois bancos manifestaram a posição de que, mantido o impasse nas negociações entre a Fenaban e os bancários, a única saída será ajuizar dissídio coletivo pleiteando a abusividade da greve e a manutenção de serviços mínimos para não comprometer o atendimento à população.

Oficialmente, BB e CEF adotam discursos cautelosos, embora admitam que estudam recorrer à Justiça. O primeiro diz que só o fará quando ficar caracterizado o dano aos serviços essenciais; a segunda ressalta que a iniciativa só será tomada depois de ouvido o governo federal.

Benefícios e Bolsa Família

O BB é o maior empregador do setor, com cerca de 80 mil funcionários. O banco teme as conseqüências da greve no pagamento das aposentadorias, que é feito a partir do dia 1º, sexta-feira --são 4,5 milhões de benefícios pagos.

A CEF, que tem cerca de 55 mil funcionários, é a responsável pelos pagamentos do Bolsa Família, principal programa de transferência de renda do governo Lula, que começaram ontem. A instituição também opera o seguro-desemprego e o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).

Participaram da reunião no TST o vice-presidente da CEF Paulo Bretas e os diretores do BB Miguel Oscar (Jurídico) e Juraci Masieiro (Pessoal).

A eles, o presidente do TST defendeu que o melhor caminho é insistir na negociação com os trabalhadores.

Um eventual recurso ao TST pode resultar em reajustes diferenciados para os bancários do setor público, uma vez que os bancos privados são da alçada dos respectivos TRTs (Tribunais Regionais do Trabalho). Outra possibilidade, em tese, é o TST optar por uma decisão válida nacionalmente.

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