"Eu tinha a sensação de que
nada ia dar certo"
da Folha Online
"Por que eu trouxe meu filho pra esse mundo tão violento?", pensava
a médica Marcela Barros Ribeiro da Silva, de 33 anos. Esses pensamentos
de impotência diante da vida e crises de choro constantes eram comuns
na vida de Marcela depois que teve seu primeiro filho, há 11 meses.
Ela conta que perdeu a vontade de trabalhar, queria até fechar o consultório,
mas tinha medo de não conseguir sustentar a criança. "Eu chorava muito.
Tinha a sensação de que nada ia dar certo."
Seu marido, que é ginecologista, afirmava que as pacientes que o procuravam
se curavam sem precisar de remédios. Com Marcela foi diferente: ela
tentou sair da depressão por conta própria durante cerca de quatro
meses, mas só conseguiu se reerguer do estado depressivo quando decidiu
buscar ajuda.
O primeiro passo foi ir até um amigo, neurologista. Com a indicação
dele, buscou a orientação de um psiquiatra, que lhe receitou medicamentos.
"Faltavam duas semanas pro Carnaval. Ele disse que até lá eu já estaria
bem. E foi mesmo: no Carnaval, eu já me sentia ótima. Nem precisei
de terapia", lembra, satisfeita.
A medicação continuou por seis meses e termina no final do mês de
agosto. Marcela, que já teve um caso de depressão na família, diz
que era só o remédio que lhe faltava.
"Tive apoio de todos, tenho uma família maravilhosa, amava meu filho,
não tinha dificuldades financeiras, nenhuma razão para me sentir deprimida.
Mas me sentia. Faltava o remédio. Com certeza, foi isso que me curou."
Marcela já tem planos de engravidar novamente no final deste ano.
Mas vai se preparar: assim que fizer a primeira refeição depois que
o bebê nascer, o médico já começará a lhe dar antidepressivos, para
evitar outra crise.
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