Obsessão por seios fartos esgota silicone no mercado brasileiro
Roberto Price - 19.out.00 A atriz Vera Fischer, que é adepta do silicone |
da France Presse
em São Paulo
O gosto pelos seios volumosos gerou um verdadeiro furor entre as mulheres brasileiras, que em dois anos duplicaram a demanda de prótese de silicone, criando um problema de fornecimento.
Praias, muito verão, um enorme culto ao corpo e à roupa bem justa favorecem este crescente mercado da estética e dos seios fartos, explica à AFP o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Luiz Carlos Garcia.
O Brasil é o segundo país no mundo em quantidade de cirurgia plástica, logo depois dos Estados Unidos.
O mercado literalmente explodiu em dois anos: entre 1998 e 1999, a demanda por prótese de silicone aumentou 30%, e mais 30% este ano, e para o cirurgião ocorreu “a definitiva perda do medo do silicone por parte das brasileiras”.
As mais famosas siliconadas brasileiras lideram este mercado impulsionando a demanda. Entre elas estão Xuxa (com moderados 150 mililitros de implante), a atriz Vera Fischer (225 mililitros) e a personagem “Feiticeira”, de Joana Prado (com 220 mililitros).
O mercado não chegou a ficar totalmente desabastecido, mas às portas do verão, que começa após o Natal, ocorrem atrasos e listas de espera para as cirurgias, reconhece a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, que congrega 3.500 cirurgiões.
Evelson de Freitas - 02.jul.00 Xuxa, que mostrou seus novos seios no Morumbi Fashion deste ano, em julho |
Nem todos os tamanhos valem: a demanda das brasileiras se concentra sobretudo nas medidas 42 e 44, que estão mais em falta no mercado e que garantem um busto generoso mas moderado, frente às medidas das estrelas americanas 44 e 48, explica o cirurgião Luiz Carlos Garcia.
A Silimed, a única fábrica nacional de prótese de mama, com 75% do mercado, reconhece que desde o ano passado teve que aumentar em 30% sua produção e reconhece os atrasos, embora em declarações à AFP sua diretoria comercial os atribua também à falta de previsão dos cirurgiões.
“O médico quer ser atendido imediatamente, sem respeitar o prazo de entrega”, afirmou.
Entrega imediata e a possibilidade para as futuras siliconadas de pagarem a prazo sua prótese são as ofertas da importadora Importmed, que acaba de firmar contrato com a francesa Eurosilicone e espera ganhar prontamente o mercado, informou à AFP seu diretor, Osvaldo Federico.
Antônio Gaudério - 07.mar.00 Joana Prado, a "Feiticeira", no desfile do Carnaval no Rio de Janeiro |
Estes não são os únicos importadores: numerosas empresas, principalmente dos Estados Unidos, estão tentando conquistar este frutífero mercado.
Os cirurgiões também estão na crista da onda para conseguir mais clientes: melhorou a qualidade das próteses, que agora garantem uma rejeição mínima, e também os preços e as condições de pagamento; todas as comodidades e facilidades são poucas para aumentar o número de clientes, que fazem suas próteses a preços que oscilam desde US$ 2.500 aos US$ 5.500.
As clínicas nem sequer hesitam em oferecer seus serviços fora do Brasil, e afirmam que a cada dia é maior a procura de estrangeiras que visitam o país com o objetivo de aumentar seus seios.
Calcula-se que, em pleno verão, 20 mil brasileiras vão exibir seus novos implantes nas solicitadas praias brasileiras, bem mais do que as 15 mil entre 17 e 60 anos que se submeteram à cirurgia ano passado.
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