Auriculoterapia
cura com
agulhas e choques elétricos
JORGE BLAT
repórter da Folha Online
Até
1992, a farmacêutica e biomédica Elizabeth Cristina
Silveira de Pádua sofria de fortes dores de coluna. Para
aliviá-las, tornou-se uma assídua consumidora de analgésicos.
Conheceu a auriculoterapia, e, desde então, nunca mais tomou
analgésicos. "Eu tinha lordose e cifose e logo na primeira
sessão já senti uma melhora sensível nas costas",
afirma Elizabeth.
Foram necessárias mais algumas poucas sessões para
que a dor desaparecesse. "Hoje
qualquer sintoma de dor no corpo peço a opinião do
terapeuta", diz Elizabeth, que também utilizou-se da
técnica para tratar de uma bronquite.
A auriculoterapia
é um ramo da acupuntura que trata de doenças físicas
e mentais por meio de estímulos nas orelhas, que possuem
pontos de reflexos correspondentes aos órgãos e funções
do corpo humano.
Apesar de utilizarem técnicas semelhantes, existem diferenças
entre a acupuntura e a auricoloterapia. Na acupuntura, todos os
pontos são fixos e visíveis para o terapeuta, o que
dificulta um pouco a identificação do sintoma.
Já na auriculoterapia, qualquer alteração de
cor, textura ou sensibilidade na orelha demonstra que aquela parte
do corpo ali representada física e energeticamente apresenta
alguma deficiência. Esse desequilíbrio também
pode ser detectado por meio de aparelhos que medem a baixa resistência
elétrica na região.
Em um simples exercício de imaginação pode-se
entender como cada ponto em desequilíbrio corresponde a um
órgão ou função do corpo humano. Olhamos
para a orelha como se ela representasse um feto de cabeça
para baixo.
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"Uma dor de cabeça, por exemplo, será representada por uma região igualmente dolorida no lóbulo da orelha, onde, por princípio, inexistem pontos -como seria de se supor no raciocínio da acupuntura. Se existirem, representam desequilíbrios", afirma Henrique Vieira Filho, presidente do Sindicato dos Terapeutas (Sinte) e do Conselho Federal de Terapia Holística (CFTH).
"O ponto dolorido será estimulado e despertará os recursos energéticos disponíveis para a homeostasia (auto-equilíbrio)", completa Vieira.
A terapia tem alcançado bons resultados no controle da ansiedade em indivíduos com estresse, no combate contra às drogas e ao tabagismo, sintomas de dor na coluna, muscular e nas articulações, reumatismo, torcicolo, problemas de rins, gastrite, insônia, obesidade e depressão, entre outros.
Contra o tabagismo, especialmente, a técnica vem sendo utilizada com bastante sucesso. Nas primeiras sessões, a pessoa já diminui o desejo de fumar e em pouco tempo acaba por libertar-se do vício. O mesmo ocorre com problemas relacionados à obesidade e ao alcoolismo.
A auriculoterapia apresenta também bons resultados em pessoas que sofrem de algum tipo de distúrbio mental, como a síndrome do pânico. "O paciente se recupera sem precisar tomar remédios considerados fortes", afirma Vieira.
Ferramentas
Agulhas, esferas, sementes, ímãs ou aplicações de raio laser são as "ferramentas" usadas para restabelecer o equilíbrio e a harmonia do corpo.
A terapia apareceu no século 3 d.C, quando se utilizava a cauterização para a realização do estímulo. Ao contrário do que se acredita, a auroculoterapia não tem origem na China, apesar de ter sido ali onde a técnica foi difundida e praticada. Em papiros egípcios e tratados hindus há menção do uso da auriculoterapia no tratamento de doenças.
No início do século, ela praticamente caiu no esquecimento, sendo resgatada pelo médico francês Paul Nogier por volta de 1950. Nogier fez um mapeamento da técnica e introduziu algumas alterações na localização e no número de pontos, os quais são conhecidos até hoje. O médico também foi responsável pela adoção das agulhas, ímãs, laser e os impulsos elétricos no tratamento.
Segundo Vieira, na China a terapia é comumente utilizada como anestésico nas cirurgias. "O paciente pode ficar acordado, por exemplo, durante uma cirurgia de coração", afirma. A região onde será operada é anestesiada no ponto correspondente na orelha por meio da aplicação de agulhas que serão estimuladas eletricamente.
Para Vieira, o Brasil é um dos poucos países que consegue mesclar o conhecimento milenar chinês e o aprimoramento da técnica pelos franceses neste século. "A visão dos chineses é fundamentada no mapeamento energético do corpo enquanto que os franceses se baseiam em explicações científicas", conclui.
A auriculoterapia ainda intensifica a ação em outros tratamentos, como a fitoterapia, alimentoterapia, shiatsu e massoterapia.
Saiba como escolher o terapeuta certo
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