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História - 1889

A República da caserna

Reprodução
Elite de fazendeiros controlava as eleições na República pelo controle dos votos
Quando retirado de sua cama por militares aliados, na madrugada do dia 15 de novembro 1889, o marechal Deodoro da Fonseca, o oficial de maior prestígio do Exército na época, sonolento, sabia que o ato de Proclamação da República no centro do Rio de Janeiro seria uma mera formalidade, assistida por poucos, e praticamente ignorada pela maioria da população.

Ávidos pelo gesto do marechal estavam fazendeiros do café da região sudeste, o PRP (Partido Republicano Paulista), grande parte do comando militar vitorioso na Guerra do Paraguai, sedento por melhores salários, e profissionais liberais inspirados pelos ares da liberdade européia _todos opositores do imperador e de sua política repleta de regalias à agonizante oligarquia escravocrata.

Nome: Manuel Deodoro da Fonseca
Natural de:
Alagoas
Gestão: 15.nov.1889 a 24.fev.1891 e 25.fev.1891 a 23.nov.1891
Durante a Guerra do Paraguai, serviu como capitão. Foi comandante de armas do Rio Grande do Sul. Proclamou a República em 15 de novembro de 1889. Em 25 de fevereiro de 1891, foi eleito Presidente. Renunciou em novembro do mesmo ano, e faleceu um ano mais tarde, no dia 23 de agosto de 1892.
A liderança do Exército no movimento republicano se explica pelo fato de, na época, ser a única instituição nacional, acima das estruturas regionais, capaz de exercer autoridade em cada uma das regiões do país e por todas elas.

Ao assumir, Deodoro nomeou um governo provisório, responsável pelo período de transição e, pressionado por republicanos civis, convocou eleições para a Assembléia Constituinte, em 1890.

A nova Constituição do Brasil estabeleceu as 20 novas federações, livres para contrair empréstimos próprios, e a eleição pelo voto aberto do presidente, do vice-presidente, deputados e senadores. Tinham direito ao voto maiores de 21 anos, com exceção de mulheres e analfabetos. As novas diretrizes não acabaram com as fraudes eleitorais e mantiveram no poder os grupos que detinham o poder sobre o voto.

Acostumado aos hábitos da disciplina rígida da caserna, Deodoro optou pela centralização do poder, mais próxima ao antigo regime imperial do que à nova República. O marechal governou o país como um velho oficial com seus recrutas. Ao ver ameaçado o prazo de seu mandato, de seis para quatro anos, e reduzido os poderes presidenciais pelo recém-Congresso empossado, Deodoro planejou um golpe e decretou o fechamento do Poder Legislativo. Foi instalada a crise.

Quando indicado presidente pelo Congresso, Deodoro sofreu derrota na eleição de seu vice, o almirante Eduardo Wandenkolk. Ganhou o Marechal Floriano Peixoto, que já articulava com setores da Marinha e do Exército a saída de Deodoro. Com a crise institucional e econômica e sem apoio do comando militar, minado por Floriano, o marechal da República renunciou e evitou uma sangrenta guerra civil.

Como disse o historiador Leôncio Basbaum, "a política é uma coisa muita estranha, muito difícil para um marechal". A maioria da população continuava alheia às decisões da elite política do país.


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