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História - 1914 - Wenceslau Braz

Solitário, regado a café com leite

Reprodução
Enterro do sapateiro José Martinez, morto em São Paulo pela polícia durante greve de 1917
O vice de Hermes da Fonseca, o mineiro Wenceslau Braz, foi eleito em clima de grande tensão. O principal líder político do governo anterior, o senador gaúcho Pinheiro Machado, isolado pela oligarquia paulista, desistiu de sua candidatura. Foram anuladas as pretensões de poder da oligarquia do Rio Grande do Sul.

A eleição de Braz foi consequência da reaproximação de lideranças do PRP (Partido Republicano Paulista) e do PRM (Partido Republicano Mineiro), ressuscitando a tradicional política café-com-leite. Os dois partidos, possuidores de poderosas máquinas político-eleitorais, controlaram completamente o processo político em seus Estados.

Nome: Wenceslau Braz Pereira Gomes
Natural de:
Minas Gerais
Gestão:
15.nov.1914 a 15.nov.1918
Era o vice-presidente de Hermes da Fonseca e foi candidato único à eleição. Retomou a política dos governadores e esteve no poder durante toda a Primeira Guerra Mundial, momento de grande crescimento da indústria nacional.
Pelo isolamento que ficou relegado durante a gestão de Fonseca, Wenceslau Braz recebeu da imprensa o apelido de o "solitário de Itajubá". Era comum o mineiro ser encontrado em pescarias no pequeno município.

A gestão de Braz foi marcada pela forte repressão aos movimentos contrários ao governo republicano em diferentes regiões do país, como a campanha do Contestado no Paraná, a rebelião militar no Rio e as greves operárias em São Paulo.

Pela primeira vez em sua história, o país enfrentoiu uma greve geral do operariado, em 1917, contra as condições de trabalho, a carestia e o desemprego. A primeira greve operária de que se tem notícia no Brasil foi realizada pelos gráficos dos três jornais do Rio, em 1858. Na época, trabalhava-se 15 horas nas oficinas desses periódicos.

As cidades do período de Wenceslau Braz já possuíam bairros operários consolidados, formados ao redor das fábricas, que seguiam geralmente o traçado das ferrovias, como em São Paulo _na Lapa e Água Branca (zona oeste), no Bom Retiro, Bexiga e Barra Funda (centro), no Cambuci, Ipiranga e Vila Prudente (zona sudeste) e no Brás, Mooca, Belenzinho e Pari (zona leste)_, no Rio de Janeiro _certos subúrbios, como Bangu, além de Gamboa, São Cristovão, Gávea, Tijuca e Laranjeiras_ e em Recife, em São José e Afogados.

Uma grave crise econômica atingiu o Brasil em consequência da Primeira Guerra Mundial, entre 1914 a 1917. Os salários dos trabalhadores não acompanhavam o aumento do custo de vida. Entre 1914 e 1923, o salário médio havia subido 71%. O custo de vida, considerando-se apenas itens básicos, havia aumentado 189%, o que significava uma queda de quase dois terços no valor real dos salários.

Em 1917, São Paulo parou. Sindicatos anarquistas lideraram uma paralisação contra os baixos salários e por melhores condições de trabalho. O salário médio de um operário em era em torno de 100 mil réis. O consumo básico de uma família (homem, mulher e dois filhos) chegava a 207 mil réis.

O governo deu ordem de abrir fogo em quem ficasse parado na rua. Operários e polícia entraram em conflitos violentos. Em 11 de julho, morreu o sapateiro Antônio Martinez. O movimento grevista se radicalizou e atingiu toda a cidade. Bairros operários tornaram-se fortalezas de resistência, e barricadas se espalharam pelos bairros Lapa, Brás, Mooca, Barra Funda e outros. O governo suspendeu a repressão, e iniciaram-se as negociações.

A greve foi suspensa após empresários aceitarem 20% de aumento salarial, a liberação de grevistas presos e a suspensão de demissões.


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